De acordo com um documento a que a Lusa teve acesso, o BPF informou o presidente do Conselho de Administração da SPdH/Groundforce, Alfredo Casimiro, de que o pedido de financiamento de 30 milhões de euros, pelo prazo de seis anos e carência de 18 meses “não mereceu aprovação”.
“Depois de efetuado um levantamento de esclarecimentos adicionais que entendemos necessários, nas diversas reuniões técnicas conjuntas entre a equipa do BPF, da CGD [Caixa Geral de Depósitos] e Administração da Groundforce, consideramos, conforme transmitido, existirem reservas quanto à viabilidade económica e financeira da empresa, bem como à sua capacidade de reembolsar a linha de crédito solicitada”, informou a entidade.
Para a recusa do empréstimo, o BPF argumentou com a “ausência da aprovação e implementação efetiva por parte da administração da Groundforce, de um plano de reestruturação profundo, que adeque a estrutura de custos à nova realidade de receitas, e à recuperação lenta esperada para o setor da aviação comercial”.
Adicionalmente, foi também apontada a falta de garantia da “disponibilidade financeira robusta dos acionistas para cobrirem os mais de 40M [milhões] de prejuízos previstos para 2020-2021, e desta forma estabilizarem a recapitalização do balanço da empresa em todo o horizonte temporal da operação”.
Por fim, o BPF refere ainda que as licenças emitidas pela Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC) para Groundforce, operar nos aeroportos nacionais, cessam a sua validade entre 2023 e 2025, sendo que “neste último ano, 70% do financiamento ainda estará por liquidar, podendo a empresa deixar de ter condições para operar”.
“Decorre deste enquadramento que a operação em epígrafe, não mereceu aprovação, no entanto, continuamos a estar totalmente ao dispor para continuar a trabalhar numa solução se enquadre no pretendido por todos os intervenientes no processo”, acrescentou o BPF, no documento que foi enviado com cópia para o ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira, o ministro de Estado e das Finanças, João Leão, o secretário de Estado das Finanças, João Nuno Mendes, e o secretário de Estado do Tesouro, Miguel Cruz.
O pedido de financiamento ao BPF tem data de 20 janeiro de 2021 e a decisão agora tomada decorreu de “um levantamento de esclarecimentos adicionais” que o BPF entendeu necessários, “nas diversas reuniões técnicas conjuntas entre a equipa do BPF, da CGD e administração da Groundforce”.
A Groundforce encontra-se em situação financeira difícil, na sequência da quebra de operação nos aeroportos, face às medidas adotadas para conter a pandemia de covid-19.
A empresa de ‘handling’ (assistência em aeroportos) chegou a ter os salários dos seus 2.400 em atraso, o que motivou a organização de várias manifestações em diferentes pontos do país onde a empresa opera.
Em 19 de março, depois de diversas negociações, a Groundforce e a TAP chegaram a um acordo, em que a companhia aérea adquiriu por cerca de sete milhões de euros equipamentos da empresa de ‘handling' (assistência nos aeroportos), que passa a pagar à TAP pelo aluguer deste material.
Este acordo permitiu desbloquear provisoriamente o impasse na empresa e pagar os salários em atraso aos 2.400 trabalhadores, bem como fazer face às despesas mais prementes.
O presidente do Conselho de Administração da Groundforce, Alfredo Casimiro, ouvido em março no parlamento, disse que esta solução era um “balão de oxigénio” de dois meses, mas, se não fossem disponibilizados mais fundos, a empresa iria “definitivamente para a falência”.
A Groundforce é detida em 50,1% pela Pasogal e em 49,9% pelo grupo TAP, que, em 2020, passou a ser detido em 72,5% pelo Estado português e que é acionista minoritário e principal cliente da empresa que presta assistência nos aeroportos de Lisboa, Porto, Faro, Funchal e Porto Santo.
(Notícia atualizada às 22:23)
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