No comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) que acompanha a apresentação de resultados trimestral (lucros de 35,3 milhões de euros), o banco assinala que nas empresas foram aprovadas mais de 23.700 moratórias e nas famílias o número supera as 76.700 moratórias.
Em conferência de imprensa de apresentação de resultados, nas instalações do BCP no Taguspark, em Oeiras, o presidente executivo do BCP, Miguel Maya, assinalou que depois de alguma demora no arranque, feita "no interesse dos clientes", o banco "foi muito rápido a fazer a operacionalização das moratórias" quando o seu modelo foi conhecido.
"Quero deixar bem claro que o fizemos no interesse dos clientes e do banco, porque se o tivéssemos feito - porque era uma pressão muito grande - fora destas moratórias setoriais ou públicas, o que estávamos era a resolver o problema aos clientes no momento criando um problema enorme para o futuro", disse Miguel Maya.
O presidente executivo do BCP afirmou que essas reestruturações [de dívida] "eram imediatamente classificadas como NPEs [exposições não produtivas, crédito malparado], e ao serem marcados criava-se ali um estigma relativamente ao cliente que podia durar um prazo até dois anos".
O líder do BCP manifestou-se ainda favorável à extensão das moratórias de apoio económico face à pandemia de covid-19, "e com prazos largos".
"Nós temos empresas que não conseguem 'stockar' [criar 'stocks']. Uma empresa de hotelaria não consegue 'stockar' o quarto de julho de 2020. Perdeu. Há outras que conseguem fazer 'stock', o mercado recupera, e colocam o produto", exemplificou Miguel Maya.
Assim, o presidente executivo do BCP gostaria que o prazo de extensão das moratórias fosse, no mínimo, "até final do ano e, para alguns setores, no mínimo até final do primeiro trimestre do ano que vem".
"Se formos acima disto estaríamos a prestar um bom serviço à economia, e portanto se houver propostas no sentido dos prazos serem mais alargados, até meados do verão do ano que vem, seguramente que o BCP" apoiaria, disse Miguel Maya.
Relativamente às linhas de crédito covid-19, Miguel Maya sublinhou que o banco já desembolsou mais de 650 milhões de euros de apoios, e na segunda-feira o BCP processou mais de mil pedidos de financiamento.
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