O estudo Global Home Index, desenvolvido com o apoio das Nações Unidas, visou perceber com que frequência os inquiridos se dedicam às tarefas da casa, como é feita a divisão dessas tarefas e “como se valoriza e se vive nos vários países a realidade diária do trabalho necessário para construir uma casa de família”.
Segundo o estudo, realizado pela Home Renaissance Foundation do Reino Unido, Portugal foi o país que obteve a percentagem mais elevada de valorização da carreira profissional (79% das mulheres e 67% dos homens) ‘versus’ as tarefas da casa, seguido de Itália (67% dos homens e 50% das mulheres).
Os valores mais baixos encontram-se no Quénia (36% das mulheres e 28% dos homens), adiantam as conclusões do estudo, que pretende “sensibilizar as pessoas para o valor do seu próprio trabalho como contribuição para o desenvolvimento humano”.
Os resultados do estudo, que serão apresentados pela investigadora Patricia Debeljuh, diretora do Centro de Conciliação Família e Empresa em Buenos Aires, apontam que mais de 80% de homens e mulheres entendem ser importante realizar as tarefas domésticas.
Em todos os países envolvidos no estudo são as mulheres quem gasta mais tempo nas lides domésticas, entre 14 a 23 horas semanais, enquanto os homens gastam entre seis a 17 horas.
Os argentinos são os que dedicam mais tempo a estas tarefas, com as mulheres a empregar 23 horas semanais e os homens 16 horas.
Em Portugal, as mulheres dedicam 15 horas por semana a estas tarefas e os homens dez horas, refere o estudo, que aponta os italianos com os que aplicam menos horas aos trabalhos domésticos (nove horas as mulheres e seis horas os homens).
Mais de metade (53%) das mulheres e 60% dos homens inquiridos entende que não dedica tempo suficiente às tarefas da casa e apenas 20% disseram distribuir as tarefas da casa pelos restantes membros da família.
As conclusões do estudo mostram que as mulheres dos 20 países (Argentina, Bolívia, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Equador, El Salvador, Espanha, Estados Unidos, Filipinas, Guatemala, Itália, Quénia, México, Paraguai, Peru, Portugal, Reino Unido e Uruguai) são quem mais se ocupa diretamente da arrumação de casa, com valores entre os 20% a 49%, contra 1% a 44% dos homens.
Também são as mulheres que mais de encarregam das compras necessárias para a casa, com valores a variar entre os 39% a 85%, enquanto nos homens estes valores descem para 1% a 60%.
Para a investigadora Patricia Debeljuh, “a realidade indica que as tarefas da casa são invisíveis, não quantificáveis, não entram nas contas públicas de nenhum país e estão pouco valorizadas”.
A investigação teve o apoio do Centro Walmart Conciliação Família e Empresa (CONFyE) do IAE Business School da Argentina e do Centro Cultura, Trabalho e Cuidado do INALDE Business School da Colômbia.
Em Portugal, são parceiros deste estudo a BeFamily – Better Families, Better Companies e a APFN – Associação Portuguesa das Famílias Numerosas.
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