"Somos forçados a uma forte revisão em baixa da nossa estimativa do PIB para 2021, para entre -4% e +1%, por um conjunto alargado e significativo de fatores, não deixando de sublinhar a envolvente de excecional incerteza de uma pandemia sem precedentes nos últimos 100 anos", pode ler-se na nota mensal hoje conhecida.
A estrutura presidida por Pedro Ferraz da Costa elenca como fatores recessivos para a economia em 2021 os "atrasos na produção de vacinas e sua distribuição", a "revisão em baixa do crescimento na zona euro", ou a "política orçamental recessiva".
No campo da política orçamental, o Fórum assinala que em 2020 o "Governo nem sequer gastou o que tinha sido autorizado no orçamento antes da pandemia, muito menos no orçamento retificativo", não tendo também apresentado "nenhuma explicação válida para ter optado por uma política recessiva no auge da crise, o que nos leva a esperar que algo de semelhante se repita no corrente ano".
O Fórum para a Competitividade assinala ainda os "novos confinamentos, com contornos mais gravosos" para a economia em 2021 como fator negativo, já que têm "duração incerta, mas probabilidade de ser prolongada", considerando ainda que a proibição de circulação entre concelhos, em vigor atualmente aos fins de semana, "destrói o turismo".
O grupo de reflexão assinala também que as restrições existem "sem justificação sanitária", apelidando "a proibição de vendas de vestuário e outros artigos nas grandes superfícies" como "mais uma intervenção recessiva" e que "não beneficia em nada o pequeno comércio e prejudica, e muito, a indústria têxtil".
O Fórum para a Competitividade considera ainda que o turismo tem uma "forte probabilidade de ter um 2021 pior do que 2020", com a Páscoa "já dada como perdida, tal como o início do verão".
A estrutura considera ainda os apoios às famílias e empresas de "insuficientes", com "demasiadas empresas" à beira de "esgotar as suas reservas" deixando "em breve de poder resistir".
A contribuir para a revisão em baixa para 2021 estão também os "primeiros dados do ano muito fracos", com "diminuição da confiança em vários setores", o mesmo podendo acontecer noutros, com a indústria do vestuário e o turismo com "perspetivas muito negativas para o primeiro quadrimestre do ano".
"Houve uma clara falta de preparação das contas públicas para uma recessão, que chegaria sempre, sob esta forma ou outra. O governo português tem estado, desde o início, a tentar poupar dinheiro na luta contra a pandemia", considera o Fórum, dando o exemplo das 35 horas de trabalho na função pública, "que fragilizaram as contas públicas, a administração pública em geral e o SNS em particular".
A estrutura considera que este "o pior momento para poupar", pois, numa recessão "quanto mais se tenta poupar, maior é a recessão".
"O Estado consegue endividar-se a taxas de juro negativas nos prazos até 10 anos, o que é inédito, e constitui mais uma razão para não adiar o apoio à economia", de acordo com o Fórum para a Competitividade.
O PIB português contraiu 7,6% em 2020, após uma contração de 5,9% no quarto trimestre, de acordo com uma estimativa rápida divulgada hoje pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
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