"Transformar Portugal através da educação orientada para o futuro". Em poucas palavras, este é o objetivo da Fundação José Neves (FNJ).
"A Fundação acredita que um país pode ser mais evoluído e pode desenvolver-se melhor se tiver um nível de educação superior. Acreditamos que a educação é aquilo que está a montante de um conjunto de outras iniciativas, seja a inovação ou o empreendedorismo. Se tivermos os portugueses mais bem preparados para os desafios de futuro, com as competências adequadas, será possível ter um país evoluído e mais desenvolvido", explica Carlos Oliveira ao SAPO24.
Carlos Oliveira, ex-secretário de Estado do Empreendedorismo, Competitividade e Inovação, fundador da MobiComp (empresa adquirida pela Microsoft, em 2008) e atual membro do Conselho Europeu de Inovação, é o presidente executivo da Fundação do líder da Farfetch.
O fundador da plataforma ‘online’ de venda de moda de luxo (o primeiro unicórnio português) terá ainda António Murta (diretor-geral da Pathena, capital de risco) como administrador não executivo da FJN.
O financiamento da Fundação José Neves assenta exclusivamente no património pessoal do seu patrono, que assume o compromisso de entregar à fundação dois terços do seu património, e atua em "quatro pilares fundamentais". Quer "criar oportunidades equitativas de acesso à educação", "potenciar as competências do futuro", "projetar a educação do futuro" e "despertar para a importância do equilíbrio entre as dimensões intelectual e espiritual do conhecimento".
"Para já, estamos muito focados em arrancar com a execução de dois programas e ir medindo o seu impacto", destaca Carlos Oliveira. "Durante 2021 vamos seguramente ter mais — mas sempre na ótica do impacto, de impactar os portugueses e Portugal", promete, advertindo que esta "é uma maratona, não é algo que vai ter resultados no imediato".
Os dois programas, que explicamos abaixo, são o ISA FJN — Income Share Agreement e o Brighter Future.
A apresentação oficial da Fundação está marcada para esta terça-feira, no Porto, com um evento online na página da fundação, que vai contar com a participação de vários empresários e filantropos, como o banqueiro António Horta Osório; o músico Will.i.am; o fundador do Skype Niklas Zennström; o filantropo e antigo parceiro de Steve Jobs na Apple, James Higa; Naomi Campbell modelo, empresária e fundadora da organização de apoio a causas ambientais e humanitárias Fashion for Relief; e Jean-Philippe Courtois, Vice-Presidente Executivo e Presidente para a área de Global Sales, Marketing and Operations da Microsoft.
"Todos eles vão partilhar connosco as suas perspetivas, o que têm feito no âmbito da filantropia na área da educação, as oportunidades do digital e as oportunidades para Portugal. Será um evento rico, onde explicaremos os programas da fundação e onde os convidados irão partilhar as suas experiências e inspirar-nos", antecipa o presidente executivo da fundação.
Reveja aqui:
Cinco milhões de euros vão financiar o programa de bolsas ISA
Para o ISA - FJN (Income Share Agreement), a fundação de José Neves vai investir cinco milhões de euros em "bolsas reembolsáveis" que vão apoiar os primeiros 1.500 estudantes a ter acesso a formações em mais de 100 cursos de 22 instituições de educação em Portugal.
A lista de cursos e instituições parceiras está orientada para competências consideradas críticas e fundamentais para as profissões de futuro, abrangendo áreas científicas, tecnológicas, de engenharia, economia e gestão, matemática, design ou ciências sociais, entre outras.
"Este é um processo continuo e aberto, irão entrar mais cursos e instituições", assegura Carlos Oliveira. "Esperamos no futuro incluir algumas instituições internacionais", adianta ainda.
O programa de bolsas funciona como um contrato individual estabelecido entre cada candidato selecionado e a fundação, no pressuposto de que a Fundação José Neves (FJN) paga as propinas da formação escolhida e que o candidato reembolsa a fundação quando atingir o nível de rendimentos pré-definido no contrato.
Se esse nível de rendimento pré-acordado nunca for atingido a FJN assume o risco e não haverá lugar a qualquer pagamento. Há também suspensão de pagamento caso o candidato perca o emprego.
O apoio funciona como um adiantamento do custo do curso – que neste primeiro programa apoia formações mais curtas, de dois anos, e de nível superior como mestrados, pós-graduações e outras formações avançadas como MBA – havendo lugar a apenas a um reembolso do valor pago pela fundação, sem obrigação de acréscimo de juros, uma vez que não se trata de um modelo de empréstimos, ou outras compensações.
"É uma plataforma para ajudar estudantes e quem está no mercado de trabalho", detalha o presidente executivo da fundação. "Tem o objetivo de ajudar na educação continua e ao longo da vida. É também para quem precise de fazer uma requalificação ou atualização de competências", resume.
Como funciona? No site, a FJN dá o exemplo do "João".
"O João vai fazer um bootcamp com propina de 6.000€. Candidatou-se e foi aceite no ISA FJN!", começam por explicar. "Cada ISA é diferente, e o do João foi calculado para ele: Quando começar a trabalhar, vai partilhar 9% do seu salário com a FJN, em prestações mensais (máximo 44)".
O João terminou a formação e conseguiu um emprego com "um salário bruto anual de 18.182€ (1.515€ brutos mensais). E agora? "Se o salário dele se mantiver, vai pagar 136€ (por mês) à FJN, sem custos iniciais, sem taxas e sem necessidade de garantias pessoais", dão como exemplo.
A FJN apresentou também o projeto Brighter Future, que fica disponível esta terça-feira, 22 de setembro, e que consiste num portal de informação sobre educação e competências e que permite disponibilizar a toda a gente de forma gratuita informação factual sobre empregabilidade de cursos, salários, variação salarial dentro de uma mesma profissão, competências necessárias para profissões, disponibilidades regionais, entre outros dados.
"Pretendemos que os portugueses possam tomar decisões baseadas em factos", explica Carlos Oliveira. Com esse fim, através da plataforma é possível "perceber quais são as formações com maior empregabilidade", "aferir quais as profissões que têm crescido mais ao longo dos últimos anos", "percecionar quais são as profissões com maior salário médio", "conhecer as competências mais procuradas pelo mercado de trabalho" ou "compreender a evolução das ofertas de emprego nos últimos meses".
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