"A informação apresentada pela entidade independente [Deloitte] que realizou a auditoria especial evidencia, designadamente, que o Novo Banco tem vindo a operar num quadro fortemente marcado pelo vasto legado de ativos não produtivos, gerado ainda na esfera do Banco Espírito Santo, com o consequente registo de imparidades e provisões, mas que tem também robustecido os seus procedimentos internos", lê-se no comunicado divulgado pelo Fundo de Resolução.
Já sobre o seu papel no mecanismo de capitalização contingente, diz o Fundo de Resolução que "os resultados da auditoria traduzem a adequação dos princípios e critérios" por si adotados, mas que irá usar os resultados da auditoria na sua "reflexão permanente".
O Fundo de Resolução destaca a necessidade de "preservação da estabilidade do Novo Banco", considerando importante para si enquanto acionista do Novo Banco (25% do capital social), assim como para todos os credores do banco, "em especial o Estado e as instituições bancárias".
Ao mesmo tempo que foi divulgado o comunicado do Fundo de Resolução, foi divulgado também um comunicado do Banco de Portugal, em que este considera que a auditoria confirma a importância das injeções de capital do Fundo de Resolução na viabilidade do Novo Banco e indicou que está a analisar as "insuficiências" detetadas na gestão do BES.
A auditoria da Deloitte aos atos de gestão do BES/Novo Banco é referente ao período entre 2000 e 2018 (ou seja, abarcando quer o período antes quer depois da resolução do BES e criação do Novo Banco) e foi entregue pela Deloitte na passada segunda-feira ao Governo, Banco de Portugal, Fundo de Resolução e Novo Banco.
Na terça-feira de madrugada, o Ministério das Finanças disse, em comunicado, que o relatório revela perdas líquidas de 4.042 milhões de euros no Novo Banco (entre 04 de agosto de 2014, um dia após a resolução do BES, e 31 de dezembro de 2018) e "descreve um conjunto de insuficiências e deficiências graves" no BES, até 2014, na concessão de crédito e investimento em ativos financeiros e imobiliários.
O BE anunciou que vai propor a constituição de uma comissão parlamentar de inquérito ao Novo Banco.
Nascido na resolução do BES (em 03 de agosto de 2014), 75% do Novo Banco foi vendido em outubro de 2017 ao fundo de investimento norte-americano Lone Star, mantendo 25% o Fundo de Resolução bancário (entidade da esfera do Estado, gerida pelo Banco de Portugal), numa solução acordada entre Banco de Portugal e Governo.
Aquando da venda foi acordado um mecanismo de capital contingente, que prevê que até 2026 o Fundo de Resolução compensa o Novo Banco por perdas de capital num conjunto de ativos 'tóxicos' com que ficou que eram do BES até 3.890 milhões de euros.
Desde então e até hoje, o Fundo de Resolução já injetou 2.976 milhões de euros e ainda poderá colocar mais de 900 milhões de euros.
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