O montante divulgado pelo gabinete de Mário Centeno, numa resposta a perguntas do Bloco de Esquerda (BE), que exigia que o Governo revelasse o valor das cativações ( atualizado, bem como a respetiva discriminação por ministério.
As cativações permitem reter ou "congelar" verbas e, assim, controlar despesa na máquina estatal. Trata-se de uma arma poderosa para controlar o défice público, por exemplo.
De acordo com os números avançados, em agosto, o cativo inicial era de 1.881 milhões de euros e no final de agosto era de 1.171 milhões de euros, tendo por isso sido descativados um total de 710 milhões de euros.
Face ao cativo existente em agosto do ano passado, a diferença é de 459 milhões de euros.
Por programa orçamental, os números revelam que a área de Planeamento e Infraestruturas é o que apresentava em agosto cativos mais elevados, de 269 milhões de euros. Ainda assim, menos 207 milhões de euros do que em 2016 e que comparam com os 459 milhões de euros existentes no início do ano.
Segue-se o programa das Finanças, com 168 milhões de euros de cativos no mês passado (menos 15 milhões de euros face a igual período de 2016) e que compara com os 173 milhões de euros existentes inicialmente.
“A diminuição dos cativos não determina necessariamente um aumento da despesa da administração central, uma vez que esta é também condicionada por outros fatores tais como a evolução dos orçamentos e o seu grau de execução”, lê-se na resposta de Mário Centeno à questão da deputada Mariana Mortágua.
O ministro refere também que habitualmente, no segundo semestre, “o valor dos cativos tende a ser substancialmente reduzido, acompanhando as necessidades dos organismos”.
Os cativos remanescentes em agosto de 2017 representam, segundo a tutela, 1,5% da despesa da Administração Central e Segurança Social e 1,4% da despesa das Administrações Públicas.
As cativações de despesa são um instrumento de gestão orçamental comum a todos os orçamentos e que, segundo o relatório da CGA de 2016, permitem "adequar o ritmo da execução da despesa às reais necessidades e assegurar a manutenção de uma folga orçamental que permita suprir riscos e necessidades emergentes no decurso da execução".
Tipicamente, os Orçamentos do Estado incluem este instrumento e o OE2016 continha a cativação de 12,5% das despesas afetas a projetos com financiamento nacional e de 15% das despesas com aquisição de bens e serviços.
No entanto, a lei orçamental do ano passado introduziu cativos adicionais sobre o crescimento da despesa, pelo que, depois de aplicados aqueles primeiros cativos (que tipicamente os orçamentos preveem), quando as despesas crescessem acima da execução de 2015, eram desencadeadas novas cativações.
O objetivo desta prática de cativação, que incide apenas sobre os aumentos de despesa verificados face à execução anterior, era o de garantir que a despesa dos serviços só cresce na medida em que sejam geradas receitas próprias que suportem essa mesma despesa.
No início de julho, o Bloco de Esquerda requereu ao Ministério das Finanças que enviasse ao parlamento o valor total previsto para cativações em 2016 e 2017, para compreender o "real impacto" destas nos serviços públicos.
"Achamos que tem de ser escrutinado o valor das cativações, para perceber se elas colocam em causa os serviços públicos ou se são um instrumento de gestão diária e normal como é argumentado pelo Ministério das Finanças", disse a deputada do BE Mariana Mortágua no final de uma comissão parlamentar de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa.
O BE anunciou hoje que irá apresentar em breve uma iniciativa para obrigar todos os governos à divulgação periódica das cativações, cingindo este instrumento à lei do Orçamento do Estado. Em conferência de imprensa, na Assembleia da República, a vice-presidente da bancada parlamentar do BE Mariana Mortágua adiantou que o Governo do PS já foi informado sobre aquela intenção e mostrou-se confiante de que a mesma seja acolhida.
(Notícia atualizada às 13h14)
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