“Após resultados atribuíveis aos interesses que não controla, a Corticeira Amorim encerrou o período com um resultado líquido de 49 milhões de euros, uma redução de 10,8% face ao registado no período homólogo de 2019. Excluindo o evento não recorrente associado à venda da US Floors [em 2019], o resultado líquido teria caído 6,8%”, lê-se num comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
Segundo a corticeira, “as condições adversas decorrentes da pandemia covid-19 e consequentes medidas implementadas pelos diferentes países para conter a sua propagação afetaram negativamente o volume de negócios de todas as Unidades de Negócio (UN), sendo o segundo trimestre o mais penalizado”.
Conforme explica, “após um segundo trimestre severamente afetado por condições de mercado altamente desfavoráveis, assistiu-se a uma melhoria da atividade nos meses de julho-setembro, muito beneficiando também da diversificação geográfica” da empresa.
“No entanto, a incerteza e baixa visibilidade mantêm-se altas, tornando difícil avaliar a dimensão dos impactos diretos e indiretos da pandemia por covid-19 no futuro”, refere, acrescentando que “a evolução e a extensão da sua disseminação, bem como a eventual necessidade de implementação de medidas de contenção adicionais, determinarão os seus efeitos sobre a economia global e padrões de consumo e, consequentemente, sobre a atividade da Corticeira Amorim”.
Até setembro, o EBITDA (resultados antes de impostos, juros, amortizações e depreciações) diminuiu 2,0%, atingindo os 94,9 milhões de euros, numa evolução que “reflete essencialmente a redução do preço de consumo das matérias-primas, aumentos de preços de venda e ganhos de eficiência operacional, que “compensaram grande parte do efeito negativo decorrente de um menor nível de atividade”.
Uma vez que o decréscimo do EBITDA foi “substancialmente inferior” ao das vendas, registou-se uma melhoria do rácio EBITDA/vendas para 16,6% (contra 16,1% nos primeiros nove meses de 2019).
Segundo a empresa com sede em Mozelos, Santa Maria da Feira, de janeiro a setembro todas as unidades de negócios (UN) registaram quedas homólogas de vendas, com a exceção da UN Revestimentos, que “confirmou a evolução positiva do início do ano”.
“No entanto - destaca - a evolução das vendas no terceiro trimestre (-5,5%) foi já mais favorável que a do trimestre anterior (-10,5%)”, sendo “de salientar ainda que, ao contrário do início do ano, as vendas refletem uma evolução cambial desfavorável – excluindo este impacto, as vendas teriam caído 4,4% nos primeiros nove meses do ano (-3,5% no terceiro trimestre)”.
As vendas da UN Rolhas, que representam 70% das vendas consolidadas da Corticeira Amorim, caíram 5,6%, para 407,9 milhões de euros, tendo sido “negativamente impactadas pelo decréscimo do consumo de vinho, essencialmente no canal HoReCa [hotelaria, restauração e cafetaria], bem como pelo encerramento temporário de alguns dos seus clientes”.
Já a UN Revestimentos aumentou as vendas em 4,0%, para 86,2 milhões de euros, enquanto a UN Aglomerados Compósitos viu a faturação recuar 7,8% para 72,6 milhões de euros, particularmente penalizada pelo encerramento temporário de alguns dos seus clientes, nomeadamente na Alemanha, Índia e Rússia.
No que se refere ao desempenho operacional das várias unidades de negócio, as UN Matérias-Primas e Rolhas registaram um EBITDA de 88,8 milhões de euros, um decréscimo de 4,8% face ao período homólogo, destacando-se o “desempenho muito positivo da UN Rolhas, cujo EBITDA foi em linha com o apresentado nos primeiros nove meses de 2019, apesar da queda nas vendas de 5,6%”.
O EBITDA da UN Revestimentos atingiu 1,0 milhão de euros, o que compara com um valor negativo de 2,2 milhões de euros no período homólogo de 2019, beneficiando da “melhoria do ‘mix’ de produtos vendidos”, “implementação de medidas de racionalização e otimização em termos de estrutura” e “não repetição de gastos associados ao lançamento do produto Amorim WISE”.
Já o EBITDA da UN Aglomerados Compósitos recuou dos 9,0 milhões de euros dos primeiros nove meses de 2019 para 7,1 milhões de euros este ano, penalizado pela queda das vendas, enquanto a UN Isolamentos apresentou uma “melhoria significativa da atividade operacional”, com o rácio EBITDA/vendas a subir para 6,9% (face aos -0,4% do período homólogo), sobretudo refletindo a redução do preço de consumo de cortiça.
Em resultados não recorrentes foram registados gastos de reestruturação (1,7 milhões de euros), sobretudo decorrentes de indemnizações pagas nas UN Rolhas, Revestimentos e Aglomerados Compósitos.
Segundo a Corticeira Amorim, a redução do resultado de associadas “reflete essencialmente o recebimento em 2019 de 2,3 milhões de euros decorrentes da venda da US Floors”. Sendo este o valor final associado a esta operação, o seu impacto afetou apenas os resultados do período homólogo do ano anterior.
No final de setembro, a dívida remunerada líquida da Corticeira Amorim ascendia a 117,8 milhões de euros, abaixo dos 161,1 milhões de euros no final do ano passado.
Conforme explica a empresa, “apesar do aumento do investimento em ativo fixo (29,0 milhões de euros), do pagamento de dividendos (25 milhões de euros) e das aquisições de 10% da Bourrassé (cinco milhões de euros) e de 30% da Elfverson (dois milhões de euros, foi possível reduzir a dívida líquida em 43 milhões de euros face ao final do ano de 2019”.
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