“Estes sete anos de trabalho do CFP [Conselho das Finanças Públicas] foram difíceis como devem ser. Se tivessem sido fáceis havia qualquer coisa que provavelmente não estava bem. Tivemos o que devíamos ter, mas também não vou dizer que foi fácil”, afirmou hoje Teodora Cardoso, na conferência de imprensa sobre a avaliação independente da OCDE ao CFP, que decorreu no ISEG, em Lisboa.
Na mesma ocasião, Teodora Cardoso referiu que o CFP “levantou voo” por ter sido criado de raiz, tendo de procurar instalações e recrutar todo o pessoal numa “conjuntura muito difícil em Portugal e dentro de uma legislação muito pesada”.
No entanto, a presidente do CFP disse que o Conselho “ainda não entrou na velocidade de cruzeiro”. “Reconhecemos que há muitas coisas que ficam por fazer”, frisou, acrescentando que os desafios que se colocam “são desafios de crescimento e não de frustração”.
Para Teodora Cardoso é importante que em Portugal se avalie a política fiscal ao nível dos seus impactos na economia e no orçamento.
“São passos que me parecem muito necessários em Portugal e que nós com os meios que temos não podemos aspirar a chegar lá. O que não quer dizer que não façamos muita coisa", indicou a economista, frisando que o CFP conta com 12 analistas.
“Agora estamos a entrar na escola primária. Temos de ver se conseguimos fazer mais porque continua a haver muita coisa por fazer nas finanças públicas em Portugal”, sublinhou a responsável, acrescentando que “o país precisa que o Conselho faça mais”, mas para isso são precisos mais meios, mais financiamento e mais recursos humanos.
A economista Teodora Cardoso vai deixar a presidência do Conselho das Finanças Públicas após sete anos à frente do organismo e será substituída pela professora universitária Nazaré Costa Cabral.
À margem da conferência, a responsável comentou que ainda não tem planos para férias porque não tem “tido tempo para pensar muito nisso”.
Questionada sobre quais foram as principais dificuldades nos sete anos à frente do CFP, Teodora Cardoso indicou que 'a espuma dos dias' pouco lhe interessa.
“Não ligo muito às dificuldades do momento, a minha tendência é olhar para o que deve ser feito e qual é a forma de lá chegar, com continuidade, com estabilidade e esta espuma dos dias, francamente, não me interessa”, frisou Teodora Cardoso.
Questionada sobre se deixa algum conselho para a sua sucessora, Teodora Cardoso referiu que “cada pessoa tem a sua personalidade”.
“Dar muitas entrevistas não é boa ideia porque senão tornamo-nos um fenómeno mediático e não é isso que o Conselho deve ser. Boas relações com os deputados dependem mais dos deputados do que de nós. Cada pessoa tem a sua personalidade. É preciso procurar manter a funcionar uma equipa que está funcional, que não é fácil de criar em Portugal, que está a dar o seu melhor e que é absolutamente vital para que o Conselho funcione”, sublinhou.
[Notícia atualizada às 18:36]
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