“Queremos que a empresa seja viabilizada, mas isso não depende unicamente de nós. Isso depende também dos credores. De qualquer forma, os trabalhadores são a parte mais importante desta empresa. Por isso, o Ministério tem de olhar para nós e tem de dizer, se no dia 26 ou até dia 26, não houver nenhuma solução à vista, nós antes disso iremos a Lisboa e vamo-nos concentrar em frente ao Ministério da Economia”, afirmou Marisa Tavares, do Sindicato dos Trabalhadores do Sector Têxtil da Beira Baixa.
A sindicalista, que falava aos trabalhadores que decidiram realizar esta concentração, a maioria deles não sindicalizados, apelou à união de todos.
“Dizemos ao senhor ministro da Economia que se for preciso nós iremos a Lisboa, ao Ministério da Economia, e continuaremos a trabalhar em união. Todos os trabalhadores irão fazer a pressão necessária para que, efetivamente, cheguemos ao final deste processo todo e tenhamos a situação viabilizada”, sublinhou.
Marisa Tavares pediu ainda aos trabalhadores para que se mobilizem para, no dia 26 (data em que a assembleia de credores da empresa de confeções Dielmar volta a reunir), estejam presentes junto ao Tribunal do Fundão.
“É importante que todos estejamos em unidade e é importante que, aí sim, consigamos estar todos juntos e mostrar ao Estado e aos credores que queremos que a empresa seja viabilizada”, concluiu.
Já Anabela Vitorino, porta-voz dos trabalhadores que decidiram realizar esta concentração à margem do sindicato, explicou que a iniciativa teve como objetivo “lutar pelos postos de trabalho”.
“Queremos que a empresa abra e queremos os nossos postos de trabalho viabilizados. Em caso de encerramento, uma boa parte [dos trabalhadores] terá dificuldade em encontrar trabalho devido à falta de oportunidades e também à idade dos trabalhadores em questão”, frisou.
Adiantou ainda que a empresa está numa zona do interior do país onde a despovoamento é uma realidade e a falta de oportunidades de emprego “é assinalável”.
“O encerramento da Dielmar só pode contribuir para o agravamento da situação. Mais de 250 famílias terão uma situação de desemprego prolongado. Sabemos que existem investidores interessados na aquisição da Dielmar, com propostas de manutenção dos postos de trabalho e de outras regalias. Mas, só com a intervenção do Governo, através dos apoios extraordinários, se poderá viabilizar uma proposta de continuidade para a Dielmar. Estamos aqui a fazer ouvir a voz dos trabalhadores da Dielmar”, concluiu.
Fundada em 1965, em Alcains, por quatro alfaiates que uniram os seus conhecimentos, a Dielmar, que empregava mais de 300 trabalhadores, pediu a insolvência em agosto, ao fim de 56 anos de atividade, uma decisão que a administração atribuiu aos efeitos da pandemia de covid-19.
A assembleia de credores da empresa de confeções Dielmar volta a reunir no dia 26, depois de ter decidido dar mais 15 dias para que as propostas e manifestações de interesse na empresa possam ser consolidadas.
A decisão foi tomada na sessão que teve lugar no dia 06 de outubro, no Tribunal do Fundão e durante a qual foram colocadas em cima da mesa duas possibilidades, nomeadamente a de avançar para o encerramento definitivo e liquidação dos bens ou, em contrapartida, optar pelo adiamento de uma decisão para que as propostas pudessem ser fortalecidas.
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