Vamos aos casos. A comissão executiva da multinacional McDonald's decidiu instaurar uma investigação relativa ao relacionamento entre o seu diretor executivo e uma funcionária, processo que levou à demissão do gestor por ter sido confrontado com uma violação à política da empresa. Esta empresa de fast food proíbe os gestores de manterem relações românticas com subordinados diretos ou indiretos. Uma espécie de “casta empresarial”, transformando homens e mulheres em seres privados de sentimentos amorosos. É proibido ter relações amorosas entre colegas, e à entrada assinam logo um papel, com letras bem pequeninas, onde se comprometem a não se apaixonar. Tratam os trabalhadores como máquinas, desprovidas de sentimentos e emoções. Aliás, o oposto da relação amorosa que pretendem ter para a vida toda com os seus clientes.
“I’m Lovin’ it”!
No Japão a liberdade individual também tem andado ao gosto dos empresários, mas há quem diga que é tradição. Seja uma questão de gosto ou tradição, é inadmissível. Depois de polémicas sobre a obrigatoriedade do uso de saltos altos e maquilhagem no trabalho, as mulheres japonesas, tiveram que recorrer às redes sociais para contestar o facto de as quererem obrigar a usar lentes de contacto, em vez óculos. As empresas alegam que o uso de óculos transmite uma sensação de frieza e que este acessório não é atraente para os clientes. Não tarda nada e querem transformar todo o comércio numa lógica de marketing sexista. Na verdade, no Japão os trabalhadores em vez de exigirem melhores condições de trabalho, estão num peculiar estado civilizacional, onde tem que reivindicar o uso de óculos. E tudo isto é preocupante num mundo que se está a transformar rapidamente ao nível de valores , e no Japão à velocidade da luz…
Em Portugal também temos algumas empresas a perguntarem às mulheres nas entrevistas se querem ter filhos, para depois não as selecionarem. Mal eles sabem que vamos todos pagar caro por essa abominável má prática empresarial, que deveria ser punida e denunciada de forma exemplar pelo nosso Estado.
As empresas podem ter regras, princípios e valores próprios, mas tem que ser justos e legais. Não podem julgar-se um estado soberano que impõe leis internas aos seus trabalhadores que chocam com a liberdade individual de cada um de nós, direito esse que está bem explícito na constituição de qualquer País que viva num regime democrático.
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