No dia 25 celebrou-se o Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres. Muitas são as pessoas que preferem não pensar nestes assuntos, são as mesmas que consideram um exagero as reivindicações feministas. São também as que preferem desvalorizar relatos e estatísticas, mas a realidade é demasiado pesada para escolhermos encolher os ombros. Vejamos os números.
Em 2024, em Portugal, foram violadas 344 mulheres. As queixas de violência doméstica chegaram às sete mil. O Observatório de Mulheres Assassinadas da UMAR assinala, ainda, a morte de 25 mulheres.
O cenário é desanimador. No primeiro semestre, a APAV, Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, indica 15 mil crimes de violência doméstica – mais dois por cento do que no ano passado. Esta realidade portuguesa deveria ser suficiente para termos uma revisão das políticas públicas nesta matéria, não acham? Pois, mas os políticos que gostam tanto da palavra “desafio” não estão para isto. Não estão sequer para entender que a educação para a cidadania, nas escolas, passa também pela aprendizagem da condição feminina, dos direitos, da igualdade devida às meninas, raparigas e mulheres.
No mundo, a cada 11 minutos morre uma mulher às mãos de um marido, namorado ou familiar. A cada 23 minutos, uma menina ou adolescente é forçada a casar. A maioria das vítimas de tráfico humano é composta por mulheres – 80%. As vítimas de tráfico humano são obrigadas a manter actividade sexual. Por fim, embora existam muitas outras estatísticas igualmente assustadoras, as Nações Unidas, num estudo de 2023 feito em 80 países, aponta para esta barbaridade: uma em cada quatro pessoas considera justificável qualquer agressão a uma mulher com quem se mantenha uma relação. Acham mesmo que não devemos conversar sobre estes temas? Acham mesmo que as mulheres podem confiar nos homens? Pensem outra vez.
Comentários