Uma das grandes histórias de amor do futebol mundial foi desfeita há poucas semanas. Lionel Messi, jogador argentino que, com Cristiano Ronaldo, dominou o futebol mundial na última década, deixou o Barcelona praticamente vinte anos depois de ter chegado à Catalunha.

A notícia caiu como uma bomba no mundo do desporto e deixou muitos dos fãs de futebol a constatar uma dura e (para alguns) triste realidade: o jogo de hoje é um negócio, de muitos milhões, de gastos exagerados e passivos acumulados, e Messi não podia continuar no seu clube de sempre por isso mesmo.

O dinheiro – sempre o dinheiro... – faz o futebol mexer e a parte da emoção fica reservada para quem, das bancadas, vibra com os melhores golos, cortes ou defesas.

É por isso que é difícil não sorrir com este regresso de Cristiano Ronaldo ao Manchester United. Muitos sportinguistas dirão que a “casa” do capitão da Seleção Nacional fica em Alvalade, mas é difícil negar que, apesar de CR7 ter nascido para o futebol no Sporting, tornou-se uma superestrela em Manchester, apadrinhado por Alex Ferguson e pelas bancadas de Old Trafford que sempre o idolatraram.

Este regresso de Ronaldo a Manchester é, por isso, um contrassenso para quem diz que não devemos voltar onde já fomos felizes. Com a camisola dos Red Devils, o madeirense conquistou três Ligas inglesas, duas Taças da Liga, uma Taça de Inglaterra, uma Supertaça inglesa, um Campeonato do Mundo de Clubes e, claro, a sua primeira Liga dos Campeões (soma 5 ao todo, tantas como as Bolas de Ouro que ganhou).

Em Manchester, para além do seu compatriota Bruno Fernandes, o capitão da seleção vai reencontrar Solskjaer (que foi seu companheiro de equipa e agora será seu treinador) e Darren Fletcher (com quem também partilhou balneário mas que agora faz parte da equipa técnica do clube). E depois dos rumores do início da semana que o ligaram ao Manchester City, rival da mesma cidade do “seu” United, Cristiano Ronaldo sossegou o coração dos adeptos dos Diabos Vermelhos e volta agora ao clube que o projetou no futebol mundial para tentar voltar a conquistar a Liga inglesa (o último campeonato do United foi conquistado em 2013) e, quiçá, tentar conquistar a sua 6.ª Liga dos Campeões.

Se o romantismo do regresso pode ser ofuscado pelos milhões envolvidos no mesmo? Claro. É óbvio que sim. Mesmo com 36 anos, o português vai continuar a ganhar milhões de euros por ano, ao passo que o Manchester United terá de compensar a Juventus pela sua saída (fala-se em valores na ordem dos 30 milhões de euros, o que é provavelmente um recorde para alguém da sua idade – mais um para CR7). Mas a ligação umbilical de Ronaldo às bancadas de Old Trafford é enorme, como atesta o vídeo abaixo de 2018, aquando do seu regresso num jogo pela Juventus:

Não sabemos se este regresso dará a Ronaldo mais títulos; o que sabemos é que esta é uma história de amor e que, pelo menos durante uns segundos, podemos todos voltar a achar que a paixão também move o futebol, que o português poderia ter ido para onde quisesse e que, ainda assim, escolheu voltar a Inglaterra e que, tal como na última década, todos os olhos estarão postos em si quando voltar a pisar um relvado onde tantas vezes foi feliz.