O nome deste indivíduo é Anthony Scaramucci, novo-ex director de comunicação de Trump. Novo, porque foi escolhido a 21 de Julho, isto é, na semana passada; e ex porque foi demitido ontem, dia 31.
O Mooch, como é conhecido pelos seus desafectos, tem tido uma carreira variada, desde que foi empregado da Goldman Sachs até formar a sua própria empresa de investimentos, a SkyBridge Capital.
Politicamente, participou na campanha de Obama e apoiou Hillary Clinton. Durante a última campanha eleitoral pronunciou-se variadas vezes em público contra Trump; em dezembro de 2015 chamou-o de “político da treta” (“hack politician”) na Fox News.
Mas em 2016 mudou de ideias. No princípio de julho apagou todos os tweets em que atacava Trump e em novembro entrou para a sua equipa de transição, que é como é denominado o grupo de trabalho que assegura a transferência de pastas entre duas administrações na Casa Branca. Logo em janeiro deste ano foi nomeado assistente do presidente num departamento da Casa Branca denominado “de ligação com o público e assuntos intergovernamentais”. Fresco neste posto, mostrou logo as suas cores numa entrevista à revista “New York”: “Uma coisa que aprendi sobre esta gente em Washington é que não têm dinheiro. Então o que acontece é que, porque não têm porra de dinheiro nenhum, só falam do lugar que ocupam e do título que têm. Os merdas dos congressistas só fazem isso. São umas bestas quadradas”.
Sabia-se que vários recém-nomeados da entourage de Trump se opunham a que o Mooch ficasse na Casa Branca, especialmente o ideólogo do presidente, Steve Bannon, e o chefe de gabinete, Reince Preibus. O chefe de gabinete tem um enorme poder sobre toda a entourage do Presidente e determina o que ele vê o onde vai (ou, no caso de Trump, quem o presidente quer ver ou decide onde vai). Preibus representava informal mas indubitavelmente o Partido Republicano dentro do executivo e portanto tinha muita força. Dele dependia o porta-voz oficial da Casa Branca, Sean Spicer.
A 20 de Julho, Spicer é demitido, o que já se esperava, pois sabia-se que Trump achava que ele não o defendia devidamente junto da comunicação social. Mas não se sabia que Spicer antecipava a nomeação de Sacaramucci no dia seguinte. Nem se previa essa escolha, uma vez que não tinha experiência em relações públicas, para lá de gostar muito de se por em bicos dos pés. A nomeação vinha com indicação expressa de que responderia directamente ao presidente, e não a Priebus.
No seu discurso de apresentação ao público, Scaramucci, que a revista “Rolling Stone” definiu como tendo o aspecto dum “revendedor de Lamborginis”, declarou que o seu primeiro objectivo ia ser livrar a Casa Branca das fugas de informação que têm sido constantes – resultado das lutas internas – e irritam tremendamente o presidente.
A 26 de julho, Mooch fez um telefonema para Ryan Lizza, jornalista da “The New Yorker” para lhe pedir a fonte de uma fuga de informação. Como não indicou que estivesse a falar “off the record”, Lizza tomou nota de toda a conversa. Entre outras pérolas, o director de comunicação disse que Priebus era “uma porra dum esquizofrénico paranóico” e que Steve Bannon “gosta de chupar o seu próprio c******”
No dia seguinte, Trump despediu Priebus da maneira mais humilhante. Quando seguia para uma apresentação em New Jersey, numa caravana que incluía o chefe de gabinete, publicou um tweet a nomear John Kelly para o seu lugar. Depois, quando os veículos voltavam para a Casa Branca, o carro onde seguia Priebus afastou-se dos outros, deixando-o à mercê dos jornalistas que seguiam a caravana. E depois seguiu solitário noutra direcção.
Parecia uma grande vitória de Scaramucci. Mas o nomeado por Trump, o general Kelly, ex-ministro da Segurança Interna fez as suas exigências para aceitar o cargo – uma delas terá sido poder total sobre todo o pessoal da Casa Branca e a outra... a demissão de Scaramucci.
E é assim que Mooch sai sem ter tido tempo sequer de fazer o juramento do cargo, mas já com uma reputação feita.
Kelly, um general de quatro estrelas com experiência no Iraque, tem fama de ser duro e cortar a direito. Só ele poderá, talvez, dar orientação a um executivo cheio de lutas internas e que em seis meses já teve seis demissões – um recorde. Mas convém não esquecer que o militar é um defensor assumido de Trump e estava encarregado das duas missões mais radicais do Presidente: o banimento de muçulmanos de entrar nos Estados Unidos e a repressão aos imigrantes ilegais.
Quanto a Mooch, ainda não disse nada. E talvez seja melhor não ouvir o que ele dirá...
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