No Canal do Suez, a espera pelo navio encalhado continua

Abílio dos Reis
Abílio dos Reis

Leme e popa mexeram um pouco, mas a quilha do navio porta-contentores Ever Given continua sem fazer o exercício necessário para que os mais de 300 cargueiros estacionados na região consigam prosseguir a sua viagem no canal do Suez, no Egipto.

São 400 metros (quatro campos de futebol) de navio com uma capacidade superior a 200 mil toneladas de contentores que desde terça-feira estão encalhados e que estão a causar um autêntico calvário naquela rota entre os mares Mediterrâneo e Vermelho. Nos últimos dias, é seguro dizer, o mundo tem estado a atento aos desenvolvimentos.

Há boas razões para isso. Uma, menos importante, mas inevitável, talvez seja porque está a ser uma forte inspiração para a mente dos criadores de memes na Internet; outra, além do óbvio destaque nas notícias, passa pelo facto de o encerramento do canal poder estar a custar ao comércio internacional, por dia, entre 5.100 milhões e 8.500 milhões de euros. É que 12 a 15% do comércio mundial passa por ali.

Como enfatiza o Público, não é só Gás Natural Liquefeito ou o petróleo que está em causa (cujo preço já subiu nos últimos dias). É o papel higiénico ou café também, dois bens que a pandemia mostrou que são relevantes em fotogalerias de açambarcamento. Portanto, depois de até se visto as imagens do espaço do local, a questão que agora se coloca é: quando é que se resolve este problema?

Ora, de acordo com o presidente da Autoridade do Canal do Suez, Osama Rabie, "é difícil avançar uma data para resolver o problema". Contudo, ainda que assim seja, permanece otimista quanto à possibilidade de o enorme navio ser desencalhado pelos 14 rebocadores que desde sexta-feira o tentam tirar dali. Hoje mexeu um pouco — inda não o suficiente, mas foi um começo. Ou seja, a espera pelo "desentupimento" do canal continua.

O responsável da Autoridade egípcia do Canal de Suez avançou com uma possibilidade que há muito se questiona: poderá ter havido erro humano (ou técnico). Isto porque Rabie afirmou que as fortes rajadas de vento não foram a principal razão para que a embarcação tenha encalhado: "Fortes rajadas de vento e fatores meteorológicos não são as únicas razões principais para o encalhe do navio. Outros erros, humanos ou técnicos, também podem ter acontecido", explicou.

As previsões mais recentes apontam para que o cargueiro possa ser desencalhado no início da próxima semana, com mais meios disponíveis no terreno. A previsão é do diretor executivo da Royal Boskalis, a empresa do grupo holandês contratado para ajudar na missão, que está confiante que a maré alta vai ajudar a dragar a areia que falta. Se não ajudar, a solução passará por reduzir o peso do cargueiro retirando contentores  — algo que leva mais tempo e que custa mais dinheiro.

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