O homicídio na estação do metro

Pedro Soares Botelho
Pedro Soares Botelho

Apesar do crime que ontem matou um jovem de 19 anos na estação do metro das Laranjeiras, em Lisboa, a Polícia Judiciária (PJ) apela a que não se instale o receio. “Este crime ocorreu numa estação de metropolitano como poderia ter ocorrido na via pública. Aconteceu ali porque foi ali que as pessoas se encontraram”, sublinhou o coordenador de Investigação Criminal da PJ, Pedro Maia, apelando a que as pessoas não tenham receio de andar de transportes públicos.

A conferência de imprensa da Judiciária foi feita ainda com apenas três suspeitos detidos, mas a polícia admitia já que houvesse mais pessoas envolvidas na morte do jovem e revelou que o homicídio foi potenciado pelas redes sociais. “Há a possibilidade de um ou mais coatores. É nesse quadro que estamos a trabalhar”, referiu, sublinhando que estas situações são “potenciadas pelas redes sociais e pelo conteúdo mais provocador que é publicado”.

Segundo o inspetor, mensagens divulgadas pela internet "incendeiam e potenciam conflitos, que se não forem travados podem resultar em circunstâncias destas. Este tipo de confrontos sempre existiram".

Depois, fonte oficial da PJ dizia à agência Lusa que, ao final da tarde, um quarto suspeito tinha sido detido.

Nos esclarecimentos à imprensa, sem querer avançar com muitos detalhes da motivação para este crime, o coordenador da PJ adiantou apenas que teve base em “quezílias entre pessoas que se conheciam e que viviam em zonas diferentes da Área Metropolitana de Lisboa”.

Pedro Maia adiantou ainda que, tanto a vítima como os três detidos, que serão presentes na sexta-feira a primeiro interrogatório judicial no Tribunal de Instrução de Lisboa para aplicação de medidas de coação, têm antecedentes criminais. Ainda não há informação sobre o quarto detido.

Entre os suspeitos há "estudantes do ensino profissional e outros que já não são estudantes", mas "são jovens que até têm alguma inserção familiar e têm um contexto familiar razoável ou mesmo normal".

Na quarta-feira, um jovem morreu na estação de metro após ser esfaqueado por dois homens: “Foi uma ocorrência por volta das 13:17, um jovem entre os 18 e os 20 anos que foi agredido com arma branca, vindo a falecer na estação das Laranjeiras”, informou a PSP. Os dois homens suspeitos do homicídio consumado “fugiram após as agressões”.

Num mundo onde o digital se quer despegar do real, do tangível, as consequências físicas das inconsequências digitais podem ser — como neste caso — das mais graves realidades. Por mau que seja, por impertinente, exagerado, abusivo ou efusivo que seja, nenhum "conteúdo mais provocador que é publicado" devia acabar com um crime tão brutal quanto as descrições que são feitas sobre este.

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