Um hospital estratégico e as histórias por contar de 30 bebés prematuros

Alexandra Antunes
Alexandra Antunes

Na semana em que se celebrou o Dia Mundial da Prematuridade (17 de novembro), as notícias que surgem em Portugal sobre o tema trazem quase sempre os aspetos positivos desta batalha travada por pais e bebés que chegam antes do tempo.

Por exemplo, o Serviço de Neonatologia do Hospital de Braga assinalou a data com a inauguração de um mural que retrata a história da bebé Camila, que "nasceu com 24 semanas, 800 gramas e 30,5 cm". Ou seja, a "esperança era muito curta" — mas tudo acabou por correr bem.

Ao mesmo tempo, há histórias por contar dos bebés prematuros de Gaza, condicionados a hospitais onde não estão, neste momento, reunidas as condições para que possam ultrapassar todas as dificuldades. Contudo, este domingo surgiu também uma notícia de esperança neste sentido: foram retirados do hospital Al-Shifa, o maior da Faixa de Gaza, mais de 30 bebés.

Como aconteceu esta operação da OMS?

Pelo menos 31 bebés prematuros que estavam no hospital Al Shifa foram transportados numa estrutura fornecida pelos Emirados Árabes Unidos para receberem "atendimento urgente na unidade de cuidados intensivos neonatais", escreveu na rede X (antigo Twitter) o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus.

Agora, o passo seguinte é levá-los para o Egito através da passagem de Rafah, a única que não é controlada por Israel, informou Mohamed Zaqut, diretor-geral dos hospitais da Faixa de Gaza.

O que viu a OMS no hospital?

A equipa pôde visitar o hospital Al-Shifa durante uma hora, depois da retirada, no sábado, de cerca de 2.500 pessoas, pacientes com mobilidade e pessoal médico.

Segundo a OMS, que liderou a missão, 25 profissionais de saúde permaneceram no local, juntamente com 291 pacientes.

"Os pacientes e o pessoal de saúde com quem falaram estavam aterrorizados com a sua segurança e saúde e pediram a retirada", disse a agência, descrevendo Al-Shifa como uma zona de morte.

Al-Shifa é um ponto estratégico para o Hamas? 

Israel diz que sim, já que alega que o Hamas mantém um vasto posto de comando dentro e debaixo do hospital Al-Shifa. O Hamas e o pessoal do hospital negam as alegações.

O hospital é considerado um alvo-chave para Israel pôr fim ao domínio dos militantes em Gaza, na sequência do amplo ataque contra Israel desencadeado pelo Hamas há seis semanas e que desencadeou a guerra em curso.

As tropas israelitas que se encontram no hospital e revistam os terrenos há dias dizem ter encontrado pistolas e outras armas, e mostraram aos jornalistas a entrada de um túnel. Segundo o exército, esse túnel terá 55 metros de comprimento e vai dar a uma porta de betão.

Estão a ser preparadas mais operações para tirar pessoas do hospital?

Até agora, foi referido apenas que mais equipas tentarão chegar ao hospital nos próximos dias para tentar retirar os pacientes para o sul de Gaza, onde os hospitais também estão sobrecarregados.

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