Mau tempo: de Portugal aos EUA, chuva e furacões

Alexandra Antunes
Alexandra Antunes

"Chuva forte e persistente na sua região nas próximas 48 horas. Vento forte. Risco de inundações. Fique atento".

Foi esta a mensagem que muitos portugueses terão recebido ao final do dia de ontem nos telemóveis, como alerta para o mau tempo que já se faz sentir.

Segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), os distritos de Viseu, Porto, Vila Real, Viana do Castelo, Aveiro, Coimbra e Braga estão sob aviso amarelo por causa da chuva até às 21h00 de hoje.

Por sua vez, os distritos de Évora, Faro, Setúbal, Santarém, Lisboa, Leiria, Beja, Castelo Branco e Portalegre voltam a estar com aviso amarelo entre as 03h00 e as 15h00 de sábado por causa da chuva forte e acompanhada de trovoada.

Mas não é algo inesperado: afinal, como refere a Proteção Civil, estes são "episódios típicos das estações de transição". E, por isso, a ocorrência das "primeiras chuvas" leva a algumas consequências, entre elas:

  • Ocorrência de inundações em zonas urbanas, causadas por acumulação de águas pluviais por obstrução dos sistemas de escoamento;
  • Ocorrência de cheias, potenciadas pelo transbordo do leito de alguns cursos de água, rios e ribeiras;
  • Vertentes instáveis, o que conduz a deslizamentos ou derrocadas, motivadas pela infiltração da água, fenómeno que pode ser potenciado pela remoção do coberto vegetal na sequência de incêndios rurais, ou por artificialização do solo;
  • Contaminação de fontes de água potável por inertes resultantes de incêndios rurais;
  • Arrastamento para as vias rodoviárias de objetos soltos, ou ao desprendimento de estruturas móveis ou deficientemente fixadas, por efeito de episódios de vento forte, que podem causar acidentes com veículos em circulação ou transeuntes na via pública.

Mas há medidas preventivas a considerar, de forma a minimizar o impacto do mau tempo:

  • Garantir a desobstrução dos sistemas de escoamento das águas pluviais e retirada de inertes e outros objetos que possam ser arrastados ou criem obstáculos ao livre escoamento das águas;
  • Garantir uma adequada fixação de estruturas soltas, nomeadamente, andaimes, placards e outras estruturas suspensas;
  • Ter cuidado na circulação e permanência junto de áreas arborizadas, estando atento para a possibilidade de queda de ramos e árvores, em virtude de vento mais forte;
  • Adotar uma condução defensiva, reduzindo a velocidade e tendo especial cuidado com a possível formação de lençóis de água nas vias;
  • Não atravessar zonas inundadas, de modo a precaver o arrastamento de pessoas ou viaturas para buracos no pavimento ou caixas de esgoto abertas;
  • Estar atento às informações da meteorologia e às indicações da Proteção Civil e Forças de Segurança.

O mau tempo, contudo, não é tema apenas em Portugal. Nos últimos dias, os EUA têm sido afetados pela passagem do furacão Milton, que já provocou pelo menos 16 vítimas mortais na Florida.

O furacão de categoria 3 chegou à costa norte-americana na noite de quarta-feira, com ventos sustentados de até 193 quilómetros por hora, embora tenha perdido intensidade e tornado uma tempestade de categoria 1 à medida que se deslocava em direção ao mar.

Os danos foram generalizados e os níveis da água podem continuar a subir durante dias, mas o governador da Florida, Ron DeSantis, disse que não se registou “o pior cenário”.

Pelo menos 340 pessoas e 49 animais de estimação foram resgatados em operações de busca e salvamento em curso, adiantou ainda DeSantis.

Entre estas histórias, destaque para uma situação algo caricata: um helicóptero da Guarda Costeira dos EUA resgatou um homem a cerca de 48 km da costa da Florida, que se manteve à tona da água em cima de uma caixa de gelo usada para a conservação do peixe.

O homem, que não foi identificado, estava a bordo de uma embarcação de pesca que ficou incapacitada na quarta-feira ao largo de Madeira Beach, horas antes da chegada do furacão Milton.

Numa primeira fase, conseguiu contactar por rádio a estação da guarda costeira nas proximidades de São Petersburgo, na Florida, antes de perder o contacto por volta das 18h45. Resgatado no dia seguinte, foi levado para o hospital geral de Tampa para receber tratamentos médicos.

Feitas as contas, este furacão é o quinto a atingir os Estados Unidos este ano e o terceiro a afetar a Florida. Na semana passada, o furacão Helene foi considerado o segundo furacão mais mortífero a atingir o território continental dos Estados Unidos nos últimos 50 anos, superado apenas pelo Katrina, que matou 1.833 pessoas em 2005.

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