O primeiro negócio chegou cedo. Algures numa rua na Tunísia, Arbia Smiti pensava em como ter mais livros para ler. Tinha 12 anos e percebeu que podia trocá-los com os vizinhos. Mas depressa surgiu outra ideia. E se tirasse daí algum lucro? E assim fez.
“Eu tinha apenas televisão e poucos livros, então tinha de encontrar uma alternativa porque os meus pais não tinham dinheiro para mais. Comecei a vender os meus livros por um preço mais alto e a comprar outros baratos. Foi assim que comecei. Não tinha escolha, ou fazia alguma coisa ou ia ficar sempre na mesma”, revelou a hoje empreendedora que esta semana esteve em Lisboa a participar na Lisbon Investment Summit que decorreu no Hub Criativo do Beato.
No fundo, Arbia queria “uma vida melhor”. “Tinha de fazer alguma coisa por mim, não podia parar”. Esta vontade em avançar levou-a até França, onde estudou e começou em 2013 o que é agora “um negócio a sério”.
“Pensei para mim: o quê que posso fazer? Tem de ser alguma coisa digital, que se aproxime da minha geração. E sabia que tinha de estar relacionado com moda, algures”. Surgiu, assim, o Carnet de Mode, uma plataforma de moda internacional online onde é apresentada uma seleção exclusiva de roupa, sapatos, malas e joias, olhando sempre para jovens criadores que precisem de reconhecimento.
“Quando lançamos um produto achamos que há sempre o risco de ser uma coisa semelhante [ao que já está no mercado], que já alguém fez e que por isso não vai ter sucesso”, avança. Para Arbia, a solução foi marcar pela diferença. Por isso, o Carnet de Mode não é só mais um site onde se vende roupa. É uma plataforma onde estão reunidas peças diferentes, vindas dos mais variados locais, e que muito provavelmente não são encontradas assim noutro lado, à distância de um clique.
A persistência foi recompensada e hoje o site é a concretiação do sonho e o desenvolver do negócio da miúda que começou a vender livros à porta de casa. Hoje a casa é o mundo, mas os sonhos nunca acabam.
Sendo mulher num mundo que ainda é maioritariamente de homens — o o das startups —, que obstáculos e que soluções? Arbia disse que falava para todas as mulheres presentes na sala para que no futuro sejam ainda mais. “Sei que quando pensamos em criar uma startup há sempre o medo de dar o salto. Pensamos, pensamos, pensamos; somos mulheres. Surgem questões, dúvidas. O meu maior conselho é mesmo que não tenham medo de saltar”. Pensar não é negativo, antes pelo contrário. No fundo, é tudo uma questão de “trazer para a mesa todas as possibilidades”, diz.
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