“O módulo experimental Mengtian entrou na órbita predefinida”, disse Deng Hongqin, um responsável pela missão.
“Declaro que este lançamento foi um sucesso completo”, acrescentou o oficial, cercado por colegas na sala de controlo.
Na segunda-feira, China lançou o Mengtian para completar a sua estação espacial permanente, no culminar de mais de uma década de esforços para manter presença constante de tripulantes em órbita.
O módulo foi lançado para o espaço às 15:39 (07:39, em Lisboa), a partir do Centro de Lançamento de Satélites de Wenchang, na província insular de Hainan, no extremo sul da China.
Uma grande multidão de fotógrafos amadores e entusiastas do espaço assistiram à descolagem a partir de uma praia adjacente. Muitos agitavam bandeiras chinesas e usavam camisas estampadas com o nome do país em caracteres chineses, refletindo o profundo orgulho nacional investido no programa espacial e o progresso tecnológico que este representa.
Mengtian, ou “Sonho Celestial”, junta-se ao Wentian como o segundo módulo de laboratório para a estação, coletivamente conhecida como Tiangong, ou “Palácio Celestial”.
Ambos estão conectados ao módulo central, designado Tianhe, onde a tripulação vive e trabalha.
O Mengtian foi lançado a bordo de um foguete transportador Longa Marcha 5B Y4.
O módulo deve passar 13 horas em voo antes de chegar ao Tiangong, que é habitado por uma tripulação composta por três astronautas, incluindo dois homens e uma mulher, de acordo com a Agência Espacial Tripulada da China.
Chen Dong, Cai Xuzhe e Liu Yang chegaram, no início de junho, para completar uma estadia de seis meses a bordo, durante a qual devem concluir a montagem da estação, realizar caminhadas espaciais e diversas experiências.
Após a chegada do Mengtian, uma outra nave de carga não tripulada deve atracar na estação, no próximo mês, com outra missão tripulada, programada para dezembro. As tripulações devem sobrepor-se durante algumas semanas, já que o Tiangong tem espaço suficiente para acomodar seis astronautas.
O Mengtian pesa cerca de 20 toneladas e tem um comprimento de 17,9 metros e um diâmetro de 4,2 metros. Este módulo vai fornecer espaço para conduzir experiências científicas em gravidade zero, uma câmara-de-ar para exposição ao vácuo do espaço e um pequeno braço robótico para suportar cargas extra veiculares.
O laboratório de 23 toneladas foi projetado para experiências científicas e biológicas e é mais pesado do que qualquer outra nave de módulo único atualmente no espaço.
No próximo ano, a China planeia lançar o telescópio espacial Xuntian, que, embora não faça parte do Tiangong, orbitará em sequência com a estação e pode acoplar ocasionalmente na estação espacial para manutenção.
Ao todo, a estação terá cerca de 110 metros cúbicos de espaço interno pressurizado.
O programa espacial tripulado da China completou oficialmente três décadas este ano, mas começou realmente em 2003, quando a China se tornou o terceiro país, depois dos EUA e da Rússia, a colocar um ser humano no Espaço.
O programa é administrado pela ala militar do Partido Comunista, o Exército de Libertação Popular, e tem prosseguido metodicamente e quase inteiramente sem apoio externo. Os Estados Unidos excluíram a China da Estação Espacial Internacional por causa dos laços militares.
Antes de lançar o módulo Tianhe, o Programa Espacial Tripulado da China lançou um par de estações de módulo único que tripularam brevemente como plataformas de teste.
A estação chinesa permanente pesará cerca de 66 toneladas – uma fração do tamanho da Estação Espacial Internacional – que lançou o seu primeiro módulo em 1998 e pesa cerca de 465 toneladas.
A China também obteve sucesso com missões não tripuladas, e o seu programa de exploração lunar incluiu o lançamento de uma sonda para o lado oculto da Lua, que não é visível a partir da Terra.
Outra sonda chinesa está à procura de evidências de vida em Marte. As autoridades também estão a considerar realizar uma missão tripulada à Lua.
A China está ainda a desenvolver um avião espacial altamente secreto.
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