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O fim do mundo faz-nos bem

“The Tomorrow War” dificilmente ganhará algum prémio cinematográfico de relevo. Não quero dizer com isto que é um mau filme, apenas que inclui características que, por norma, levam os críticos mais exigentes de cinema a contorcer-se e a dar poucas estrelas a um filme que não os fez questionar a sua existência. Não tem uma narrativa super inovadora, preocupa-se mais com efeitos especiais do que com a qualidade dos diálogos e comete o pecado de estar presente numa plataforma de streaming, esse monstro que teima em baixar a qualidade dos filmes. No entanto, durante duas horas e dezoito minutos, não só me entreteve, como me fez sentir melhor no fim.

No filme, em 2051, uma invasão alienígena está perto de dizimar a raça humana, sobrando apenas 500 mil pessoas no mundo inteiro. Uns seres estranhos e, a todos os níveis, assustadores de observar passaram despercebidos durante alguns anos até começarem a arrasar com países inteiros, um por um. Com poucas opções, as tropas restantes só se lembraram de fazer uma coisa: construir uma tecnologia chamada JumpLink que permitisse viajar no tempo e ir recrutar novos elementos para o Exército ao passado, onde, em princípio, ainda existiam 7 mil milhões de potenciais candidatos.

AQVGD - Tomorrow War AQVGD - Tomorrow War

E agora, questionas tu (e bem), qual foi o momento para o qual eles decidiram “saltar” para ir buscar gente? O Campeonato do Mundo de Futebol a ser realizado no Qatar em 2022. A minha primeira reação foi de espanto, ao ver um filme americano escolher um evento de soccer como o melhor para anunciar que o mundo está a acabar e não uma final da NBA, por exemplo. A reação seguinte foi de alguma irritação por escolherem um evento que ainda não aconteceu e que, na minha humilde opinião, nem devia acontecer ali. Por que não uma incrível final europeia em 2016? Quase que parece uma jogada de marketing perturbadora para promover algo sobre o qual já tanta coisa negativa foi escrita. Mas deixemos o futebol.

A verdade é que o exército de 2051 interrompe um Brasil vs Qatar para deixar uma mensagem muito simples a todas as nações. Ou começavam a mandar pessoas para a sua timeline ou, daqui a 30 anos, não havia planeta Terra para ninguém. Então, nos meses seguintes, milhões de pessoas começaram a ser selecionadas e obrigadas a ir para a guerra com um critério principal: não podiam estar vivas em 2051, para não criar um efeito borboleta, tantas vezes falado em filmes com viagens no tempo e que está relacionado com impacto na nossa existência de falarmos com a nossa versão futura (a Wikipédia explicará isto bem melhor do que eu).

É neste processo que entra a personagem principal Dan Forester, um professor de ciências insatisfeito com o rumo da sua vida, que acaba recrutado para a “guerra do futuro” e a ter de abandonar a sua mulher e filha para uma missão de uma semana. O seu recrutamento fá-lo perceber que a sua vida será mais curta do que imaginava e, por isso, quando aterra em Miami, três décadas à frente, encontra um sentido propósito que não tinha há bastante tempo. Salvar soldados, combater aliens de quatro metros e resgatar investigação científica para uma arma secreta são coisas às quais Dan se adapta rapidamente devido aos seus anos como militar. No entanto, no meio desta forma esquisita de voltar à rotina, há algo que o apanha de surpresa. A coronel responsável pela sobrevivência da Humanidade é a sua filha, agora com 39 anos, que durante alguns segundos achei que pudesse ser o seu novo par romântico. My bad.

Foi aí que descobri que “The Tomorrow War” não era só um filme apocalíptico de ação, mas também uma história sobre uma família que se junta para salvar o mundo. Se isto não melhorar o teu dia, mesmo que apanhes uns sustos com aliens pelo meio, não sei o que fará.

  • Elenco de luxo: Chris Pratt como protagonista, Yvonne Strahovski (“Chuck” e "Handmaid's Tale”) e ainda J.K. Simmons (“Whiplash”) no papel de pai de Dan Forester, do qual não falei para poderes descobrir algumas coisas no filme por ti.

  • Onde ver: é atualmente o filme #1 no Amazon Prime Video e já existem rumores de que uma sequela poderá estar a caminho.

Minissérie para refletir

Em 2012, um caso abalou por completo o Brasil. Marcos Matsunaga, o herdeiro de uma das maiores empresas do Brasil, foi encontrado morto e esquartejado em São Paulo, depois de ser dado como desaparecido durante vários dias. O crime foi amplamente noticiado nos principais meios de comunicação social e a investigação foi seguindo o seu curso com o objetivo de determinar quem era o culpado. Não fiquem chateados se eu vos der o spoiler de que foi a mulher, Elize Matsunaga, porque é algo que descobrem nos primeiros minutos da nova série documental da Netflix “Elize Matsunaga: Era Uma Vez Um Crime”.

The Next Big Idea - Elize The Next Big Idea - Elize

Geralmente, existem dois tipos de pessoas que são entrevistadas em documentários criminais: pessoas próximas da vítima (família ou testemunhas) e pessoas com um papel na investigação, sejam elas polícia ou jornalistas. A produção brasileira juntou uma nova dinâmica, pouco habitual, que foi entrevistar a pessoa culpada, para contar a sua versão da história e justificar de alguma forma os seus atos, oito anos depois de ter sido condenada a prisão.

Quando o assassinato chegou às páginas de jornal, a principal discussão foi se se tinha tratado de um crime de paixão, devido a infidelidades de Marcos Matsunaga, ou se Elize o tinha morto por razões financeiras. Neste documentário, esses temas persistem, mas há outro que acompanha todos os episódios: dar a palavra a Elize é sensacionalismo ou é direito de expressão? Não tenho ainda uma resposta.

Créditos Finais

  • Podcast. Já ouviste o episódio mais recente do nosso podcast? Podes fazê-lo aqui.
  • Emmys. Já há nomeados para os prémios de televisão americanos cuja cerimónia vai acontecer no dia 19 de setembro. Descobre quem são aqui.
  • Google. Há uma funcionalidade do Google que te permite produzir música digna do Pavarotti mesmo que não tenhas uma voz de rouxinol. Vê como aqui.
  • Marvel. Já há trailer para uma das próximas séries da Marvel a estrear no Disney+, o “What If”. Tem tudo para ser bom.
  • Álbum da semana. Este aqui (dica: tem uma música chamada “Obrigado”).

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