De acordo com o festival italiano, que termina hoje, “Listen” foi distinguido com o prémio ‘Leão do Futuro – Luigi De Laurentiis’, no valor de 100 mil dólares (84,4 mil euros), e Ana Rocha de Sousa recebeu ainda o prémio especial do júri da secção competitiva ‘Horizontes’.
“Listen” é a primeira longa-metragem da atriz e realizadora Ana Rocha de Sousa e a narrativa inspira-se em factos reais. É um drama familiar de uma família portuguesa emigrada no Reino Unido, a quem os serviços sociais lhe retiram os três filhos menores, por suspeita de maus tratos.
Em entrevista à agência Lusa dias antes da estreia mundial do filme em Veneza, a realizadora recuava a 2016 para falar da criação deste filme, depois de ter vivido e estudado em Londres, de ter sido mãe e de ter tomado conhecimento de casos de emigrantes que viveram aquele drama, retratado em “Listen”.
“Não é de todo um filme contra ninguém em específico, mas pretende levantar questões; se não haverá outras formas de salvaguardar o superior interesse destas crianças e destas famílias para lá da adoção. (…) A grande dificuldade do tema são algumas definições demasiado subjetivas em termos legais que tornam o sistema [social] muito falível”, contou.
Sobre a presença em Veneza, Ana Rocha de Sousa recordou a importância do festival: “Estar em Veneza trouxe muito visibilidade ao filme. Existirá um ‘antes de Veneza’ e um ‘depois de Veneza’. Sou absolutamente grata ao facto de Veneza ter coragem de seguir e, de uma forma adaptada e nova, não deixar cair as coisas”.
“Listen” tem coprodução luso-britânica, foi rodado nos arredores de Londres com elenco português e inglês, encabeçado por Lúcia Moniz, Ruben Garcia e Sophia Myles. Chegará aos cinemas portugueses em 2021.
Na sexta-feira, o filme da realizadora portuguesa foi distinguido com o prémio Bisato d’Oro de melhor realização e o prémio “Sorriso Diverso Venezia, pela “abordagem às questões sociais”, ambos galardões paralelos do festival.
Ana Rocha de Sousa, 41 anos, entrou no cinema pela porta da representação, sobretudo em ficção televisiva, como “Riscos”, “A raia dos medos”, “Morangos com açúcar” e “Jura”, e passou para o outro lado da câmara a realizar curtas-metragens. Atualmente prepara uma nova longa-metragem.
“Listen” tinha sido selecionado para a secção competitiva “Horizontes” do festival, na qual estava também a curta-metragem “The Shift”, de Laura Carreira.
Nesta secção, o prémio de melhor curta foi para “Entre tú y milagros”, de Mariana Saffon.
A 77.ª edição do Festival de Cinema de Veneza, que termina hoje, foi apresentada como um dos primeiros eventos internacionais a decorrer nos moldes tradicionais em tempos de pandemia da covid-19, depois de meses de paralisação da atividade cinematográfica, que levou muitos festivais a decidirem pelo adiamento, cancelamento ou exibição ‘online’.
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