A nomeação de Elisabete Matos para a direção artística teatro lírico português foi anunciada pelo Ministério da Cultura, no passado dia 02, recordando a carreira internacional de mais de 25 anos da soprano, que passou pelos mais destacados palcos mundiais.
No diploma hoje publicado, os membros do governo das áreas das Finanças e da Cultura, responsáveis pela nomeação da diretora artística do TNSC, justificam esta escolha com o currículo de Maria Elisabete da Silva Duarte Matos, que consideram evidenciar o “perfil adequado e demonstrativo da aptidão e da experiência profissional necessárias ao exercício das funções”, enquanto “ativo essencial responsável pela preparação e execução da programação”.
Com início a 01 de outubro, o mandato da nova diretora artística do São Carlos vigora até dia 30 de setembro de 2022.
Segundo o diploma, Elisabete Matos passa a auferir um vencimento mensal de 5.000 euros, como diretora artística do teatro, o mesmo estabelecido para o seu antecessor, Patrick Dickie, em 2016, à semelhança das despesas de representação (um máximo de 300 euros por mês).
O despacho relativo à nomeação de Elisabete Matos determina ainda um limite máximo de participações que a soprano pode ter nas produções por si programadas, bem como a forma de cálculo da remuneração dessas participações.
Assim, de acordo com o despacho, “não podem ser programadas mais de duas produções em cada temporada, uma na Temporada Lírica e uma na Temporada Sinfónica, com a participação artística de Maria Elisabete da Silva Duarte Matos”.
O montante da remuneração de tais participações é fixado pelo Conselho de Administração do Organismo de Produção Artística (Opart), que tutela o teatro, não podendo exceder o valor da remuneração auferido pela artista na última produção ou coprodução do Opart, equivalente, em que haja participado.
Ao longo da sua carreira a soprano Elisabete Matos atuou em palcos como os da Metropolitan Opera House, de Nova Iorque, nos Estados Unidos, a Deutsche Oper de Berlim, na Alemanha, e o Teatro alla Scala, em Milão, Itália.
Foi dirigida por grandes maestros, entre os quais Lorin Maazel, James Conlon, Riccardo Muti, Zubin Metha, Valery Gergiev, Daniel Oren, Daniel Baremboin, Bruno Bartoletti, e acompanhada por solistas como Plácido Domingo, José Carreras, Mariella Devia, Leo Nucci, Renato Bruson, Eva Marton, entre outros.
Elisabete Matos nasceu em Caldas das Taipas, Guimarães, e estudou canto e violino no Conservatório de Música de Braga, foi depois bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian, em Espanha, onde completou a sua formação.
Em 2000, foi galardoada com um Latino Grammy pela gravação do papel titular de “La Dolores”, de Tomás Bretón, com Plácido Domingo, para a Decca.
É professora-adjunta convidada na Escola Superior de Artes Aplicadas desde 2014 e, desde 2017, diretora artística do Festival Internacional de Música Religiosa de Guimarães.
Elisabete Matos recebeu as condecorações de Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, e de Grã-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, concedidas pela Presidência da República, foi galardoada com a Medalha de Ouro de Mérito Artístico da Cidade de Guimarães pela Câmara Municipal de Guimarães, e distinguida com a Medalha de Mérito Cultural concedida pela Secretaria de Estado da Cultura, em 2015.
Venceu vários prémios em concursos nacionais e internacionais, como o Concurso de Canto Luísa Todi, em Setúbal, o Belvedere de Viena, na Áustria, e o prémio Femina 2012, entre outros.
Interpretou papéis wagnerianos como Isolda (em “Tristan und Isolde”), Elisabeth (“Tanhäuser”), Elsa e Ortrud (“Lohengrin”), Freia (“Das Rheingold”), entre outros, e de outros compositores, Katia Kabanova (de Janaácek), Condessa de Capriccio e Elektra (de Strauss), Santuzza de Cavalleria Rusticana (Mascagni), Norma (de Bellini), e Cassandre de Les Troyens (de Berlioz), entre outros.
Atuou ainda, entre outros palcos, na Wiener Staatsoper, em Viena, Áustria, na Washington Opera, nos Estados Unidos, no Teatro Real de Madrid, em Espanha, The Israeli Opera, em Israel, Teatro La Fenice, em Veneza, Itália, Festival da Madeira e Festival de Sintra.
Elisabete Matos sucede no cargo a Patrick Dickie, que em junho anunciou não ter condições para “equacionar a continuidade naquelas funções”, tendo, na altura, o teatro nacional explicado que o responsável tinha informado a ministra da Cultura, Graça Fonseca, da sua decisão, tomada por “razões pessoais”.
O mandato do produtor criativo, encenador e dramaturgo Patrick Dickie terminou em 31 de agosto, dia em que efetivamente cessou funções como diretor artístico do São Carlos.
Comentários