De acordo com um comunicado do gabinete do ministro da Cultura português, a entrega do galardão está integrada na visita oficial a Portugal do Presidente da República brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva.
A cerimónia, que está marcada para as 16:00, será presidida pelos chefes de Estado do Brasil e de Portugal.
Chico Buarque foi o vencedor da 31.ª edição do Prémio Camões, na sequência de decisão unânime do júri constituído por Manuel Frias Martins e Clara Rowland (Portugal), Antonio Cícero e Antonio Hohlfeldt (Brasil), Ana Paula Tavares (Angola) e Nataniel Ngomane (Moçambique).
Reunido no Rio de Janeiro a 21 de maio de 2019, o júri fundamentou a sua escolha realçando a “qualidade e transversalidade” da obra de Chico Buarque, “tanto através de géneros e formas, quanto pela sua contribuição para a formação cultural de diferentes gerações em todos os países onde se fala a língua portuguesa”.
A atribuição do Prémio Camões ao músico e escritor brasileiro reconhece “o valor e o alcance de uma obra multifacetada, repartida entre poesia, drama e romance”, um trabalho que “atravessou fronteiras e se mantém como uma referência fundamental da cultura no mundo contemporâneo”, concluiu o júri na sua declaração.
Na altura, Chico Buarque manifestou-se “muito feliz e honrado de seguir os passos de Raduan Nassar”, o seu compatriota distinguido com o prémio em 2016, enquanto Lula da Silva, que estava preso em Curitiba desde o ano anterior, escreveu uma carta ao músico felicitando-o pela sua vitória.
No entanto, meses depois, o então presidente brasileiro, Jair Bolsonaro deu a entender que não assinaria o diploma do Prémio Camões, cuja entrega formal estava prevista para abril de 2020, em Portugal.
Bolsonaro afirmou que assinaria “até 31 de dezembro de 2026”, numa alusão ao final do um segundo mandato presidencial, caso fosse reeleito em 2022, o que acabou por não acontecer.
Chico Buarque é um apoiante do Partido dos Trabalhadores (PT), defensor do Presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e crítico do governo de Jair Bolsonaro.
Ao tomar conhecimento das declarações do então presidente brasileiro, Chico Buarque afirmou que a não assinatura do seu diploma do Prémio Camões por Jair Bolsonaro, equivaleria a uma dupla distinção.
“A não assinatura do Bolsonaro no diploma é para mim um segundo Prémio Camões”, escreveu o artista brasileiro na sua conta oficial do Instagram.
Entretanto, a cerimónia de entrega do prémio acabou por ser adiada, devido à pandemia de covid-19, tendo sido agora remarcada, coincidindo também com uma temporada de concertos que o músico brasileiro dará em Portugal.
Instituído por Portugal e pelo Brasil em 1988, o Prémio Camões é o galardão de maior prestígio da língua portuguesa. De caráter anual, presta homenagem a um escritor que, pela sua obra, contribua para o enriquecimento e projeção do património literário e cultural de língua portuguesa.
O Ministério da Cultura, através da Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB) e do Gabinete de Estratégia, Planeamento e Avaliação Culturais (GEPAC), organiza pela parte portuguesa a atribuição deste Prémio, que tem o valor pecuniário de 100 mil euros, assumido em partes iguais pelos Governos de Portugal e do Brasil.
Nos termos do Regulamento, Portugal e o Brasil organizam de forma alternada as reuniões e as cerimónias de entrega deste galardão.
Depois de Chico Buarque, foram distinguidos o professor e ensaísta português Vítor Manuel de Aguiar e Silva (2020), a escritora moçambicana Paulina Chiziane (2021) e o escritor brasileiro Silviano Santiago (2022).
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