Questionado pela agência Lusa sobre a possível vinda de Chico Buarque a Portugal em 2023, para concertos e para receber o Prémio Camões, o agenciamento do artista no Brasil disse que o músico “fará temporada em Portugal e aproveitará para receber o prémio, mas as datas ainda estão a ser definidas”.
Escritor, compositor e cantor, Francisco Buarque de Holanda, 78 anos, foi o vencedor do Prémio Camões 2019. A cerimónia de entrega do prémio chegou a estar marcada para 25 de Abril de 2020, mas acabou por ser adiada devido à pandemia da covid-19.
A data tinha sido escolhida especialmente pelo cantor brasileiro, que compôs a música “Tanto Mar” em homenagem à chamada Revolução dos Cravos.
A entrega do Prémio Camões 2019 tem sido atribulada, pois já antes do adiamento devido à pandemia, em outubro daquele ano, cinco meses depois de ser conhecido o vencedor, o Presidente brasileiro Jair Bolsonaro deixou claro que poderia não assinar o diploma de atribuição do prémio.
O diploma de atribuição do prémio é assinado pelos presidentes da República de Portugal e do Brasil.
Na altura, Bolsonaro avisou, citado pelo jornal Folha de São Paulo, que não tinha essa assinatura entre as suas prioridades, atirando-a para o termo de um eventual segundo mandato, em 31 de dezembro de 2026: “Até 31 de dezembro de 2026, eu assino”. Entretanto, Bolsonaro não conseguiu um novo mandato, tendo sido derrotado no mês passado na segunda volta das eleições presidenciais por Lula da Silva.
Em 2019, em resposta a Bolsonaro, Chico Buarque publicou na sua conta no Instagram: “A não assinatura do Bolsonaro no diploma é para mim um segundo Prémio Camões”.
Chico Buarque, que enfrentou a ditadura militar (1964-1985) e detém um percurso de mais de meio século nas letras e na música, é um apoiante do Partido dos Trabalhadores (PT), de Lula da Silva, foi desde o início crítico do governo de Jair Bolsonaro.
O valor total do prémio Camões é de 100 mil euros, divididos entre Brasil e Portugal. A parte financeira foi resolvida em junho de 2019, e a assinatura do diploma é apenas uma formalidade.
Para o júri do Prémio Camões, a maior distinção literária de língua portuguesa, a escolha de Chico Buarque deve-se à sua “contribuição para a formação cultural de diferentes gerações”, e o “caráter multifacetado” do seu trabalho, da poesia, ao teatro e ao romance, estabelecendo-se como “referência fundamental da cultura do mundo contemporâneo”.
O Prémio Camões de literatura em língua portuguesa foi instituído por Portugal e pelo Brasil em 1988, com o objetivo de distinguir um autor “cuja obra contribua para a projeção e reconhecimento do património literário e cultural da língua comum”.
A pandemia acabou também por adiar também a entrega do Prémio Camões de 2020 (Vitor Aguiar e Silva, que morreu este ano) e de 2021 (Paulina Chiziane). Este ano, o vencedor foi Silviano Santiago.
Chico Buarque, de 78 anos, já atuou várias vezes em Portugal, a última das quais em junho de 2018, numa série de seis concertos, de apresentação do álbum “Caravanas”, editado em 2017.
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