Com um investimento total a rondar os 50 milhões de euros, segundo o presidente da Câmara, Hugo Martins, todo o projeto deverá estar concluído dentro de dois anos, com as 240 camas da residência universitária a serem ocupadas a partir do ano letivo 2025/2026, depois de um investimento de 7,6 milhões de euros.
Hoje, no âmbito de uma visita ao local pela ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Elvira Fortunato, a reitora do ISCTE-Instituto Universitário, Maria de Lurdes Rodrigues, explicou à Lusa que a residência vai ser um novo modelo de alojamento universitário e também um espaço de educação e de formação.
O ISCTE é uma das universidades com maior escassez de residências, com 80 camas para 13 mil alunos, com os alunos a questionarem sempre a falta de residências, pelo que o tema foi desde o início do mandato “uma prioridade”, disse Maria de Lurdes Rodrigues, explicando que, sabendo do encerramento da antiga escola para raparigas (no ano 2014/15), falou com o presidente da Câmara e foi feito um acordo.
Nos dois edifícios de quatro pisos onde eram os dormitórios das “meninas de Odivelas”, ouvem-se já os sons das obras, vê-se a demolição dos pequenos quartos, das casas de banho. Ali, em 4.500 metros quadrados, estão prestes a nascer 100 quartos simples e 52 duplos, todos com casas de banho e um espaço de estudo e uma copa por cada piso.
“Pensámos que isto podia ser um espaço de ensino e formação, podia ser mais do que uma residência”, disse a reitora, segundo a qual o espaço permitirá cursos intensivos nos períodos de interrupção letiva.
“São oportunidades de dinamização da vida do concelho que são importantes”, disse, exemplificando ainda com ensino pós-laboral, congressos, investigação, para criar ali o que o ISCTE pretende que seja um modelo inovador de residências universitárias.
Entusiasmada, Maria de Lurdes Rodrigues diz que os transportes permitem que os estudantes não tenham de viver em Lisboa, que podem ser elos para uma relação virtuosa com a área metropolitana, e que nesse sentido o ISCTE está a construir uma nova residência na Amadora e outra em Sintra, com obras também na atual residência, no mosteiro de Santos-o-Novo.
Em Odivelas, disse, o preço a pagar por cada estudante deverá rondar os 200 euros, com usufruto nomeadamente dos oito hectares que eram os antigos terrenos agrícolas do Mosteiro de Odivelas e que estão a ser reconvertidos em espaço de lazer e atividade física para pela primeira vez serem acessíveis à população.
O Mosteiro de Odivelas, ou Mosteiro de São Dinis e São Bernardo, monumento nacional, foi mandado construir pelo rei D. Dinis (que ali está sepultado) e foi sofrendo obras ao longo dos anos. Encerrou em 1888 e a partir de 1902 funcionou ali o Instituto de Odivelas, uma escola do Exército para raparigas, até 2014/15. Desde então está fechado.
Foram anos em que o espaço se deteriorou, sujeito a vandalismo, disse à Lusa Hugo Martins (PS), que salientou depois, no discurso perante a ministra, a ambição de não transformar o mosteiro em mais um hotel.
Hugo Martins disse à Lusa que além da residência do ISCTE, o mosteiro vai ser um museu, contemplando o circuito dos claustros, da igreja e do túmulo de D. Dinis; vai receber o Conservatório de Música de D. Dinis, que tem mais de 600 alunos, e também os mil alunos do Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo, antigo ISCE.
O presidente da Câmara destacou a reconversão dos terrenos agrícolas das monjas do mosteiro para serem transformados num grande parque da cidade. O concurso público será lançado em breve e ali serão investidos 14 milhões de euros.
Comentários