“Como engenheiro, matemático, arquiteto e compositor de música levou a cabo uma obra extraordinária que combina as suas capacidades para criar experiências de música, e integrando o espaço como parte das suas composições”, sublinhou Benjamin Weil numa visita guiada à exposição “Révolutions Xenakis” para jornalistas.
Esta exposição, que ficará patente em Lisboa até março de 2023, esteve este ano na Cité de la Musique, em Paris, em coprodução com a Philharmonie de Paris, para assinalar o centenário do nascimento de Xenakis.
Mâkhi Xenakis, filha do compositor, guardiã do acervo do pai e uma das curadoras da exposição, explicou hoje que um dos objetivos é “mostrar o lado mais íntimo e pessoal de Xenakis”.
A exposição revela fotografias da família, de origem grega, exibe alguns cadernos de notas do compositor, documentação pessoal e correspondência, e recria um dos espaços de trabalho de Xenakis, no qual é possível ver um pouco do que o motivava a trabalhar.
Segundo Mâkhi Xenakis, Iannis Xenakis precisava de ter por perto objetos, livros, obras de arte de várias culturas, mesmo que fossem apenas reproduções, ou até recolhas da natureza, como conchas, e muita documentação como fonte de inspiração.
A exposição apresenta também uma instalação artística no teto, uma “partitura de luzes e sons” do atelier ExperiensS, inspirada no espetáculo “La Legende d’Eer” (1978), e ainda uma maqueta do Pavilhão Philips, que Xenakis desenhou para a Exposição Universal de Bruxelas de 1958.
Iannis Xenakis é quase sempre apresentado como “um dos compositores mais inovadores e influentes do século XX”, cruzando conhecimento de vários domínios e interesses, da matemática à informática, da ornitologia à cosmologia, da escala invisível – da relação do espaço e do tempo – à mais material.
Na exposição é possível ver vários originais de partituras gráficas, em pauta e em papel milimétrico, desenhos, esboços e geometrias que materializam a sua perceção do som e do ritmo, de composições como “Metastasis” (1953-1954) e “Pithoprakta” (1956).
Há ainda estudos para as partituras de luzes dos “polítopos”, considerados “uma síntese do pensamento xenakiano”, e exemplares de impressoras e máquinas de calcular desenvolvidas pelo compositor nos anos 1980.
A propósito de “Révolutions Xenakis”, a Gulbenkian incluiu um núcleo documental sobre a relação da fundação com o compositor, com fotografias, partituras, correspondência e documentação sobre os eventos e espetáculos em que ele participou.
No âmbito do centenário de Xenakis, a fundação, que lhe fez várias encomendas, estreadas em diferentes temporadas de música, programou concertos com obras emblemáticas do compositor. Na sexta-feira e no sábado, fará “a recriação moderna de uma peça histórica, ‘Polytope de Cluny’, uma obra revolucionária composta no início dos anos 1970”.
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