Depois de atuar nos primeiros dois concertos da digressão, em Dublin, na terça e na quarta-feira, a artista - que doou as receitas do 'merchadising' nesses dois espetáculos a uma organização local de apoio a mulheres - publicou um comunicado nas redes sociais no qual salientou que “continuar na digressão simbolizaria que estava a defender ou a ignorar o mal causado por Win Butler e sair implicaria que era juiz e júri”.
“Nas últimas duas noites em palco, as minhas canções tomaram esta decisão por mim. Ouvi-las através desta lente era incongruente com o que tenho trabalhado por clarificar para mim mesma ao longo de toda a carreira. Sempre escrevi canções para nomear as minhas próprias subtis dificuldades, ambicionar o meu melhor ser e reclamar responsabilidade quando é preciso. Estou a reclamar a minha responsabilidade agora e vou para casa”, escreveu a artista, que tinha dezenas de mais datas com Arcade Fire pela Europa, incluindo duas atuações no Campo Pequeno, em Lisboa, nos dias 22 e 23.
No fim de semana, a publicação digital Pitchfork lançou um artigo que citava várias fontes que, “em meses recentes, disseram que a reputação virtuosa pública de Win Butler não corresponde por inteiro ao seu comportamento fora de palco”.
“Três mulheres alegaram interações sexuais com Butler que sentiram como impróprias, dadas as diferenças de idade, de dinâmica de poder e o contexto em que ocorreram”, pode ler-se no texto da Pitchfork, que refere ainda uma quarta pessoa, que alega que o vocalista da banda a agrediu sexualmente por duas vezes, em 2015, quando a diferença de idades entre ambos era de 13 anos.
Na resposta à Pitchfork, através de uma especialista em relações públicas de crise, Butler confirmou as interações sexuais, mas defendeu que foram consensuais.
“Embora estas relações tenham sido todas consensuais, lamento imenso por qualquer dano que tenha causado com o meu comportamento. À medida que olho para o futuro, continuo a aprender com os meus erros e a trabalhar a fundo para me tornar numa pessoa melhor, alguém de quem o meu filho se possa orgulhar”, acrescentou o músico.
Formados em 2001 e já com várias passagens por Portugal desde então, os Arcade Fire adquiriram projeção internacional com o disco “Funeral”, de 2004, tendo recebido já nove nomeações para os Grammy, incluindo uma vitoriosa, por álbum do ano, com “The Suburbs”, em 2010.
A banda é constituída por Win Butler e pela mulher, Régine Chassagne, para além de Jeremy Gara, Tim Kingsbury, Richard Reed Parry. Já este ano, o irmão de Butler, Will, abandonou o coletivo.
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