O Lumiar acolhe, entre 23 e 26 de maio, a 3.ª edição do Muro – Festival de Arte Urbana de Lisboa, também por iniciativa da GAU, e “pós-festival” haverá naquela freguesia “um ‘street art’ parque, um parque de pintura livre, construído só para o efeito”, disse hoje à Lusa Hugo Cardoso, da GAU, estrutura coordenada pelo Departamento do Património Cultural da Câmara Municipal de Lisboa.
“Estamos a construir [junto à Avenida David Mourão-Ferreira] um parque de lazer, que em vez de ser um parque para miúdos é um parque para pintura”, explicou o responsável.
Embora à partida seja um parque como tantos outros, “uma estrutura verde, ajardinada”, com “uma série de bancos”, este terá “um conjunto de paredes que qualquer pessoa pode pintar, a qualquer hora, em qualquer momento, em qualquer altura, sem qualquer tipo de mediação por parte da câmara”.
“Não há curadorias, podem ser feitas aqui as intervenções que quiserem, quando quiserem”, referiu Hugo Cardoso, adiantando que o parque deverá ser inaugurado “no final de junho, início de julho”.
Além disso, a GAU, que foi criada há dez anos, tem em mãos um outro projeto, de criação de “uma rede de muros de pintura livre na cidade de Lisboa toda”.
“Já testámos e experimentámos, achamos que funciona, mas precisamos de criar mais”, afirmou o responsável.
Atualmente, há na cidade muros de pintura livre em Telheiras, em Benfica e na zona do Bairro Alto.
O de Telheiras é uma parceria com o artista Edis One e o de Benfica com o artista Pariz One: “eles funcionam como curadores”.
“O que é mesmo de acesso livre é o da Calçada da Glória e do Largo do Oliveirinha. Queremos replicar esses modelos pela cidade toda”, disse.
A expectativa da GAU é que “haja uma boa dezena de muros nos próximos dois anos”.
Entretanto, os responsáveis da GAU querem ouvir as juntas de freguesia e a comunidade artística da cidade.
“Idealmente cada freguesia teria um ou dois, mas isso depende da resposta que as juntas [de freguesia] nos derem, que a comunidade artística nos der, dos espaços que existem, [mas] ainda não temos um número certo”, afirmou Hugo Cardoso.
O responsável adiantou que a ideia é “sair de zonas históricas e afastar de zonas habitacionais”.
“Queremos ter espaços onde não haja problema de haver uma dispersão de pintura, que possam estar ali concentrados sem nenhum problema”, referiu.
Em Lisboa há ainda um outro muro que aparentemente é de pintura livre, mas que nunca chegou a ser ‘legalizado’. Utilizado desde a década de 1990, o ‘Muro das Amoreiras’ é considerado o primeiro ‘hall of fame’ (geralmente legalizados, muros onde são pintadas obras mais trabalhadas), de Lisboa.
A GAU foi criada em 2009 como parte de uma estratégia da autarquia lisboeta de, por um lado, valorizar uma expressão artística, e, por outro, valorizar um instrumento de gestão de uma dimensão da cidade.
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