Segundo o sítio ‘online’ do espaço dedicado à arte contemporânea, trata-se da primeira exposição do artista português nesta galeria nova-iorquina, onde, no dia da inauguração, irá lançar um livro dedicado a lugares históricos na América.
A escultura “Undisclosed” (2019), que dá título à exposição, consiste num cubo coberto por um pano que “esconde algo que recusa ser revelado”, segundo a descrição da galeria sobre a peça.
“Este objeto aparentemente simples poderia esconder um objeto ou algo conceptual, como um trauma, um medo ou qualquer outra coisa desconhecida”, acrescenta.
Indica ainda que a escultura “não difere das pinturas de Sarmento, que são frequentemente parcialmente ou totalmente apagadas, revelando cenários fragmentados que evocam gestos desconcertantes ou relações misteriosas”.
Outra escultura da exposição, em bronze, intitulada “Seism” (2018), faz referência à falha tectónica junto à qual Portugal se localiza geograficamente.
O maior terremoto que aconteceu no país data de 1755, e “deixou memórias aterradoras na população, que apontam para uma futura inevitável repetição, uma hipótese que se tornou uma apreensão nacional e pessoal do artista”.
Sarmento recorda, sobre o enquadramento desta obra, que o pai tinha muito medo de terramotos e, por isso, dormia sempre com um copo de água junto à cama, não para beber, mas para poder ver qualquer pequena ondulação que anunciasse um tremor da terra.
O próprio artista descreve esta peça como “a representação de alguém, uma ideia, um conceito, um sentimento de angústia e medo”.
Uma outra escultura mais recente, “Joana and the Wall” (2019), toca os temas do feminismo, arquitetura e instabilidade, consistindo numa figura em bronze com um vestido negro, encostada a uma parede de forma periclitante.
A posição precária da figura cria uma diversidade de interpretações, dando a ideia de uma cena dramática e de incerteza.
Nascido em 1948, em Lisboa, Julião Sarmento vive e trabalha no Estoril, e a sua obra utiliza uma grande variedade de meios, incluindo vídeo, som, pintura, escultura e instalação.
Os temas que usa são muitas vezes influenciados pela literatura e o cinema, e circulam pelas relações pessoais, psicologia, sensualidade, ‘voyeurismo’ e transgressão.
O seu trabalho tem sido exibido amplamente em exposições individuais e coletivas um pouco por todo mundo nas últimas cinco décadas, tendo representado Portugal na 46.ª Bienal de Arte de Veneza (1997), e também nas feiras de arte contemporânea Documenta 7 (1982), Documenta 8 (1987) e na Bienal de São Paulo (2002).
O seu trabalho está representado em coleções públicas e privadas na América do Norte e do Sul, na Europa e no Japão.
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