"Em acordo com Sua Excelência o Presidente da República, o Governo vai aprovar a declaração de luto nacional no dia em que se realizem as exéquias de Manuel Cargaleiro", anunciou Luís Montenegro numa nota enviada hoje às redações.
No texto, o líder do executivo manifesta o seu "profundo pesar" pela morte Manuel Cargaleiro, que classificou de "artista multifacetado, conhecido do grande público sobretudo pela sua obra como pintor e ceramista".
"Cargaleiro dominou a cor e a geometria de forma marcante, imprimindo à arte contemporânea portuguesa um traço inconfundível", escreve.
Luís Montenegro lembra que, ao longo da carreira, as criações de Manuel Cargaleiro "expressaram sempre a sua visão poética do mundo, construindo um legado reconhecível por diversas gerações de portugueses".
Sendo um homem do mundo, foi também um cidadão sensível às suas origens, tendo escolhido Castelo Branco para instalar o seu Museu e a sua coleção, permitindo a tantos visitantes um conhecimento mais vasto da sua obra. Deixa um legado que muito prestigia a arte portuguesa e Portugal", conclui o primeiro-ministro, expressando ainda as suas "sentidas condolências" à família e amigos.
Segundo disse à agência Lusa a sua mulher, Isabel Brito da Mana, Manuel Cargaleiro "morreu tranquilo, rodeado pelos seus, adormeceu".
O artista plástico nasceu em 16 de março de 1927 em Chão das Servas, no concelho de Vila Velha de Ródão, no distrito de Castelo Branco.
A sua obra foi fortemente inspirada no azulejo tradicional português. Em 1949, ingressou na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa e participou na Primeira Exposição Anual de Cerâmica, no Palácio Foz, em Lisboa, onde realizou a sua primeira exposição individual de cerâmica, no ano de 1952.
No início de carreira, ainda na década de 1950, recebeu o Prémio Nacional de Cerâmica Sebastião de Almeida, e o diploma de honra da Academia Internacional de Cerâmica, no Festival Internacional de Cerâmica de Cannes, em França, numa altura em que iniciara funções de professor de Cerâmica na Escola de Artes Decorativas António Arroio e apresentara as suas primeiras pinturas a óleo no Primeiro Salão de Arte Abstrata.
Nas décadas de 1960 e 1970, participou em exposições individuais e coletivas e durante este período afirmou-se não apenas como conceituado ceramista, mas também como desenhador e pintor. Nos anos 1980 começou a explorar a tapeçaria.
A partir da década de 90, predominariam na sua obra os padrões aglomerados e cromaticamente intensos onde continuaria a ser evocado o azulejo português.
Em Castelo Branco, viria a ser inaugurada a Fundação Manuel Cargaleiro, em 1990, depois expandida com o respetivo museu e mais tarde, no Seixal (Setúbal), a Oficina de Artes Manuel Cargaleiro.
O ceramista recebeu, em Paris, em 2019, a medalha de Mérito Cultural do Governo português e a Medalha Grand Vermeil, a mais alta condecoração da capital francesa, onde viveu grande parte da sua vida.
Na altura, foi também inaugurada a ampliação da estação de metro de Champs Elysées-Clémenceau, com novas obras de Manuel Cargaleiro, depois de originalmente concebida e totalmente decorada pelo artista português, em 1995, incluindo o painel em azulejo "Paris-Lisbonne".
Ministra da Cultura expressa pesar pela morte do pintor e ceramista
A ministra da Cultura expressou hoje "profundo pesar" pela morte do pintor e ceramista Manuel Cargaleiro, de 97 anos, cuja "intensa atividade artística se traduz num legado essencial para a arte portuguesa".
"Manuel Cargaleiro deixa um legado ímpar, cruzando referências e gerações", diz a nota de pesar de Dalila Rodrigues, assinalando que Cargaleiro, nascido em 1927, em Chão das Servas, Vila Velha de Ródão (distrito de Castelo Branco) criou a fundação com o seu nome em Castelo Branco, cujo Museu mostra a sua obra, incluindo a extensa coleção de cerâmica.
"Representado em coleções nacionais, entre elas a Coleção de Arte Contemporânea do Estado, e internacionais, o seu trabalho foi reconhecido e homenageado, tendo sido condecorado como Comendador da Ordem Militar de Santiago da Espada de Portugal (1983), Grau de Officier des Arts et des Lettres, atribuído pelo governo francês, em 1984, Grã-Cruz da Ordem do Mérito (1989), Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique (2017), Medalha de Mérito Cultural (2019), Medalha Grand Vermeil (2019), Grã-Cruz da Ordem de Camões (2023)", lembra ainda a ministra da Cultura.
A sua obra foi fortemente inspirada no azulejo tradicional português. Em 1949, ingressou na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa e participou na Primeira Exposição Anual de Cerâmica, no Palácio Foz, em Lisboa, onde realizou a sua primeira exposição individual de cerâmica, no ano de 1952.
No início de carreira, ainda na década de 1950, recebeu o Prémio Nacional de Cerâmica Sebastião de Almeida, e o diploma de honra da Academia Internacional de Cerâmica, no Festival Internacional de Cerâmica de Cannes, em França, numa altura em que iniciara funções de professor de Cerâmica na Escola de Artes Decorativas António Arroio e apresentara as suas primeiras pinturas a óleo no Primeiro Salão de Arte Abstrata.
Nas décadas de 1960 e 1970, participou em exposições individuais e coletivas e durante este período afirmou-se não apenas como conceituado ceramista, mas também como desenhador e pintor. Nos anos 1980 começou a explorar a tapeçaria.
A partir da década de 90, predominariam na sua obra os padrões aglomerados e cromaticamente intensos onde continuaria a ser evocado o azulejo português.
Em Castelo Branco, viria a ser inaugurada a Fundação Manuel Cargaleiro, em 1990, depois expandida com o respetivo museu e mais tarde, no Seixal (Setúbal), a Oficina de Artes Manuel Cargaleiro.
O ceramista recebeu, em Paris, em 2019, a medalha de Mérito Cultural do Governo português e a Medalha Grand Vermeil, a mais alta condecoração da capital francesa, onde viveu grande parte da sua vida.
Na altura, foi também inaugurada a ampliação da estação de metro de Champs Elysées-Clémenceau, com novas obras de Manuel Cargaleiro, depois de originalmente concebida e totalmente decorada pelo artista português, em 1995, incluindo o painel em azulejo "Paris-Lisbonne".
Câmara de Castelo Branco lamenta morte de figura maior da cultura nacional
O presidente da Câmara Municipal de Castelo Branco lamentou hoje a morte do pintor e ceramista Manuel Cargaleiro, aos 97 anos, considerando que foi uma figura maior da cultura nacional e albicastrense.
“Foi com enorme pesar e consternação que recebemos hoje a notícia da morte do mestre Manuel Cargaleiro. O dia de hoje é um dia de pesar, de tristeza e é também um dia que serve para refletir sobre o sentido da vida”, afirmou à agência Lusa Leopoldo Rodrigues.
O autarca de Castelo Branco sublinhou que o município vai decretar, na segunda-feira, luto municipal pela morte do artista plástico.
“O mestre [Cargaleiro] é uma figura maior da cultura nacional e da cultura albicastrense. É em Castelo Branco que tem a sua fundação e o seu museu, o núcleo mais importante de parte da sua coleção. Enquanto presidente tenho que reconhecer aquilo que o mestre deu à cidade e ao concelho com a sua presença e também com a forma delicada e muito próxima como o mestre acompanhava tudo o que se passava na fundação e no museu”, sintetizou.
Hoje, “compete-nos homenagear a memória do mestre tendo em linha de conta que ele continuará entre nós, imortal, porque a sua obra é tão extraordinária que ninguém a poderá esquecer”, acrescentou.
Quanto ao futuro, o autarca referiu à agência Lusa que a Câmara Municipal é um parceiro fundamental da Fundação Manuel Cargaleiro.
“Neste momento já existem dois polos do museu [Cargaleiro] e estamos a preparar um terceiro que irá funcionar nas antigas instalações da GNR”, sublinhou.
Segundo o presidente do município, trata-se de um espaço já recuperado e onde falta apenas concluir o mobiliário expositivo para poder ser inaugurado.
“Neste espaço irá ser inaugurado um novo polo de cerâmica do Museu Cargaleiro, onde será exposto parte do seu espólio” frisou.
O autarca realçou ainda que a presença do mestre Cargaleiro em Castelo Branco é já antiga.
“Tenho que reconhecer aqui a visão que na altura teve o comendador Joaquim Morão, que em boa hora conversou com Manuel Cargaleiro no sentido de podermos acolher em Castelo Branco a sua obra e a sua fundação”, disse.
Leopoldo Rodrigues deixou também uma palavra “de grande sentimento e de amizade” à sua mulher, Isabel Brito da Mana.
O artista plástico nasceu em 16 de março de 1927 em Chão das Servas, no concelho de Vila Velha de Ródão, no distrito de Castelo Branco.
Em Castelo Branco, viria a ser inaugurada a Fundação Manuel Cargaleiro, em 1990, depois expandida com o respetivo museu e mais tarde, no Seixal, distrito de Setúbal, a Oficina de Artes Manuel Cargaleiro.
O ceramista recebeu, em Paris, em 2019, a medalha de Mérito Cultural do Governo português e a Medalha Grand Vermeil, a mais alta condecoração da capital francesa, onde viveu grande parte da sua vida.
Em 2017, no exato dia do seu 90.º aniversário, foi condecorado com a Grã-Cruz da Ordem do Infante Dom Henrique.
No último ano teve patente as exposições "Eu Sou... Cargaleiro", no Mosteiro de Ancede - Centro Cultural de Baião, no distrito do Porto, uma mostra de pintura na Casa Museu Teixeira Lopes - Galerias Diogo de Macedo, em Vila Nova de Gaia, intitulada "Cargaleiro, Pintar a Luz Viver a Cor", e uma exposição de gravura no Fórum Cultural de Ermesinde, em Valongo, de nome "A essência da cor". Este ano levou obras nunca expostas à sua oficina, no Seixal.
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