A celebração dos 125 anos do Teatro São Luiz, em Lisboa, que se assinalam no dia 22 de maio de 2019, determinou aquele que é o mote da programação, hoje apresentada por Aida Tavares, diretora artística daquele teatro municipal: “Memória e futuro”.
“Este binómio está patente em toda a programação dos 125 anos. Pensei que era importante fixar a memória – porque este teatro não tinha nada que fixasse a sua memória -, que é fundamental também perspetivando o futuro”, disse a diretora artística.
Nesse contexto, vai ser elaborado um livro que “fixa para o futuro a memória do teatro”, que será apresentado e lançado no dia 06 de setembro.
Esse livro, que Aida Tavares afirma ser um projeto já antigo e muito pensado, terá um lado histórico, que conta o que foi o teatro, terá uma cronologia comentada, um portfólio de fotografia e textos escritos por vários artistas, historiadores e olisipógrafos.
Outro dos destaques desta programação é o regresso da opereta “A Filha do Tambor-Mor”, de Jacques Offenbach, que em 22 de maio de 1894 inaugurou o então Theatro D. Amélia, e que agora estará em cena entre os dias 22 e 25 de maio.
Serão cinco récitas de entrada livre, sempre com interpretação em língua gestual portuguesa e com audiodescrição, sendo os bilhetes levantados no próprio dia, na bilheteira do teatro.
Em palco vão estar alunos de escolas de ensino superior de todo o país, ligadas ao teatro, à dança, à música e ao cinema.
“Quisemos estabelecer uma ponte com o futuro, uma relação com o ensino artístico. É importante em salas como a do São Luiz fazer projetos com esta dimensão. Vai ser um momento fantástico, de jovens que se juntam em palco. É um sonho, que eu acho que vai ter uma concretização fantástica”, disse Aida Tavares.
O diretor musical e maestro de orquestra será Cesário Costa, o encenador será António Pires e os figurinos ficam a cargo de Dino Alves.
Outro momento “importante” será o “Espetáculo Guiado”, de André Murraças, que marca o arranque da programação, com exibições nos dias 09 e 10 de março, e 13 e 14 de abril.
“É um espetáculo particularmente querido para nós, que conta um bocado do que é esta sala para nós”, explicou a diretora.
Esta peça, que se estreou inicialmente durante “Os Dias do Público”, regressa agora ao São Luiz numa nova versão revista e aumentada.
Trata-se de um espetáculo guiado ao pormenor, que entra pelo teatro adentro e passa em revista a história de uma sala de espetáculos que já teve três nomes — Theatro D. Amélia, Teatro República e Teatro São Luiz – e sobreviveu a um incêndio.
Serão revividos momentos como os primeiros filmes ali projetados, como “Metrópolis”, de Fritz Lang, ou “A Severa”, de Leitão de Barros, ou o espetáculo de dança “Café Müller”, de Pina Baush.
Entre os outros espetáculos previstos, contam-se dois da encenadora Joana Craveiro relacionados com a ditadura e a revolução: um para os mas novos — “Era uma vez um país assim: contar bem contadas a ditadura e a revolução” –, de 01 a 07 de abril, e outro — “Ocupação” — sobre a importância da ocupação do teatro como forma de manifestação antifascista, de 24 a 30 de abril.
Aida Marques assinalou ainda, também para os mais novos, uma visita espetáculo da autoria de Madalena Marques, intitulada “Os sapatos do Sr. Luiz”, que é na verdade uma incursão pelos vários cantos do teatro, onde se podem encontrar sapatos de famosos atores, artistas e até dos técnicos do teatro.
Este espetáculo acontece nos dias 28 e 29 de setembro, 11 a 15 e 19 de outubro, e ainda 02, 03 e 15 de dezembro.
Nos dias 22 e 29 de novembro estreia-se uma peça de teatro também de Madalena Marques, dirigida ao público infanto-juvenil, intitulada “Pareceu-me ouvir passos”.
Em estreia ao longo da temporada vão estar ainda as peças de teatro “Xtròrdinário”, do Teatro de Praga, “Histórias de Lx”, do Teatro Meridional, “A dama das Camélias”, de Miguel Loureiro e o espetáculo de dança de Miguel Bonneville “A importância de ser Georges Bataille”.
Os dias 13 e 14 de julho vão ser ocupados com uma programação desenhada por Anabela Mota Ribeiro e André E. Teodósio, “para ocupar o São Luiz”.
Todos os espetáculos na sala principal terão a companhia, em palco, da figura de um santo, que era um adereço de uma peça de teatro, e que foi o único a sobreviver ao incêndio que devastou o teatro em 1914, contou Aida Tavares.
Desde então, esse santo, batizado como Santo Amianto, faz parte das “superstições do teatro, e toda a equipa faz questão de o ter sempre iluminado”.
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