NEEV (Bernardo Neves) é um multi-instrumentista e compositor autodidata. Em entrevista à Lusa, partilhou que a música surgiu na vida “como na vida de toda a gente, depois ganhou outras proporções e a curiosidade foi crescendo”.
“Não me lembro de ter querido fazer outra coisa que não música, era para aquilo que eu sentia um chamamento especial”, disse, referindo que o seu processo de aprendizagem “foi e continua a ser extremamente autodidata”.
O primeiro instrumento em que pegou foi a guitarra, “sempre com o foco em fazer músicas”. “Sempre que pegava na guitarra o que eu queria era aprender o suficiente para começar a compor as minhas coisas, não é muito um caminho tradicional, digamos assim”, contou o músico, que além da guitarra toca também bateria, piano e outros instrumentos de corda, como guitarra havaiana e bandolim.
A estreia musical de NEEV foi há quatro anos, num dueto com os noruegueses SEEB, com o tema “Breathe”, uma música “que estava escrita há algum tempo” e à qual o músico sentia “que não tinha mais nada para lhe dar”.
“Trabalhávamos com pessoas em comum, eles ouviram aquela música e perguntaram se podiam pegar nela, foi tudo muito natural, não é uma história muito romantizada”, recordou.
Quando esse dueto aconteceu, já NEEV estava a trabalhar em “Philosotry”, embora ainda não tivesse consciência disso.
“Estou a trabalhar neste álbum, arrisco-me a dizer, quase desde que comecei a escrever música, com 13/14 anos quando comecei a tocar. A ‘This Dream’ foi a primeira música que escrevi para o álbum, andava no 8.º ano. Eu não sabia que estava a fazer o álbum, mas olhando para trás estava”, contou.
Depois de ganhar consciência de que iria criar um álbum, iniciou “uma procura incessante para encontrar a pessoa certa com quem trabalhar”. “Eu sempre soube para onde é que queria ir e que precisava de alguém para lá chegar, e neste caso era o papel do produtor. Experimentei trabalhar com alguns, correu mal e o álbum acabou por ir para o lixo umas quatro vezes. Quando encontrei o Larry [Klein que trabalhou, entre outros Joni Mitchell, Herbie Hancock, Melody Gardot e Tracy Chapman] foi quando começou o ‘sprint’ final”, recordou.
O resultado deste trabalho foi um álbum “é muito eclético, sem uma âncora estilística, não existe um elo, material quase, óbvio a nível de som”.
“O que acabou por acontecer é um álbum em que todas as músicas têm um elo mais profundo, que vem do íntimo, da honestidade delas, de um crescimento pessoal, que se manifestam em o álbum não ter essa coesão. Uma das coisas de que eu gosto mais neste álbum é exatamente isso, é essa mensagem de que não somos só uma coisa, somos mais do que isso e temos de nos permitir a ser mais do que isso. E a música é uma manifestação desses sentimentos, é uma consequência, é dar vida a essas vidas, a esses episódios”, afirmou.
Enquanto artista, NEEV sempre procurou “acima de tudo seguir um caminho que é honesto e verdadeiro: que passa essa seriedade, esse servir a música como algo maior do que nós, mais do que procurar que ela me sirva a mim, procurar notoriedade, fama, o que for”.
“Isso é uma coisa que eu quero a longo prazo que me represente e que eu tente representar como artista”, disse.
Ao longo dos anos em que foi construído “Philosotry”, título que resulta de uma junção entre ‘philosophy’ (filosofia) e ‘poetry’ (poesia), NEEV foi influenciado pelos The Beatles – “está lá sempre” - Bon Iver, Sufjan Stevens, Nick Drake, Paul Simon e Radiohead.
“Foram artistas que me marcaram muito e que marcam ainda e que tiveram grande impacto durante a altura em que eu escrevia o álbum”, partilhou.
Poder confirmar essas influências ao vivo é que ainda não será possível. Para já “não há datas marcadas”, mas NEEV tem esperança de em setembro, altura em que o álbum físico é editado em Portugal, poder fazer um concerto de apresentação, iniciando depois uma digressão.
“Philosotry” é editado hoje em formato digital, e em formato físico em França.
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