[O Francisco tem 19 anos, estuda nos Países Baixos e está em viagem com um passe de Interrail que o vai levar por esta Europa fora e este é o seu diário de viagem publicado no SAPO24]

Dia 9 (17 de julho) Dica #11 para futuros viajantes: O Interrail e a DiscoverEU oferecem muito mais do que um passe ferroviário. Através da aplicação oficial é possível  ter acesso a um ano (!) de Cartão da Juventude Europeu (European Youth Card), que dá uma variedade de descontos nas mais diversas atividades, incluindo restaurantes. No site da organização também é possível descobrir eventos em quase cada canto da Europa para quem viaja com um passe de Interrail.

Queremos aproveitar bem o dia e visitar locais menos turísticos e um pouco mais escondidos

A duas semanas do começo da viagem, reparamos que haverá um meet-up em Berlim (falei disto na terceira crónica), com estadia, atividades e alimentação pagas, exatamente nos dias em que planeamos estar na cidade. Com muita pena nossa, ficamos em lista de espera. E não é que ontem nos contactam a dizer que abriram duas vagas e que nos poderemos juntar?!

Ainda em Praga, queremos aproveitar bem o dia e visitar locais menos turísticos e um pouco mais escondidos. Saímos para comer e ali perto achamos o Café Pavlač. Adorei: ambiente super confortável, refeições do dia, vinhos (tinto e branco [verde]) portugueses. No final das contas, um preço muito razoável, pouco mais de nove euros pelo prato do dia (gnocchi com ervilhas) e um copo de vinho verde. Amelia deliciou-se com uma ciabatta caprese e um sumo de frutas.

Na mesma zona, uma loja de vinhos checos e internacionais (incluíndo portugueses), com várias torneiras para beber ao copo

Depois do brunch, hora de explorar a cidade. Apanhamos o elétrico para Holešovice, na parte norte, com intenção de visitar o mercado local. À chegada descobrimos que quase tudo está em obras. No ano que vem estará bonito, não temos dúvidas, mas hoje... é o que é. À primeira vista não parece ter muito para oferecer. Andamos um pouco e deparamo-nos com rulotes de comida e uma área onde jovens fazem truques de trotinete ao som de rap checo (fiquei bem impressionado!). Na mesma zona, uma loja de vinhos checos e internacionais (incluíndo portugueses), com várias torneiras para beber ao copo (e bem barato, apenas 30 koruna [1.20€] o copo de vinho).

Finalmente, o mercado (ou praça) interior, com produtos frescos e locais. E um conceito que achei interessante: uma loja de produtos com a data de validade passada, super baratos. Alguns produtos expiraram há mais de um ano, outros há cerca de um mês. Mas, claro, estão ainda bons para consumo. Gostei do mercado, mas tenho a certeza de que será mais interessante noutra altura da semana - e sem tantas obras em volta. Regressaremos a Holešovice para seguir viagem em direção a Berlim.

O tronco onde me sento, que parecia completamente normal, estava queimado e ainda quente numa ponta, e fez um buraco no meu saco de lona

Voltamos ao centro. Atravessamos o rio por uma ponte pedonal e  sentamo-nos nuns troncos à beira-mar (e lá vêm mais patos - adoro patos, quack!). E um percalço (tenho uma fotografia a prová-lo): o tronco onde me sento, que parecia completamente normal, estava queimado e ainda quente numa ponta, e fez um buraco no meu saco de lona. Antes de continuar a ler, por favor, um minuto de silêncio pelo meu saco de lona roxo. Obrigado.

Não sou muito dado a animais de estimação, mas ao longo dos anos passei a tolerá-los e até a estimá-los (o quêêêêê??). Amelia, por seu lado, adora gatos. Uma amiga portuguesa que já esteve em Praga sugere uma ida a um "cat café" no centro da cidade, o CatCaféPrague (o nome diz tudo, creio eu). Nunca visitei nada do género. Temos de tocar à campainha para entrar (não vá um gato escapar-se de cada vez que alguém abre a porta). Parece-me mais uma cat home do que um cat café, mas tem uma máquina de café, doces, bolachas, amendoins, jogos (de tabuleiro e de Xbox) e onze gatos de todas as cores, idades e  feitios. Tudo self-service e ilimitado, pelo preço de 130 koruna (pouco mais de 5€) na primeira hora e uma koruna por cada minuto extra, tipo táxi. O café em si não é ótimo, mas a visita vale a pena pelo inusitado.

Mesmo ao lado, a Casa Dançante (Tančící dům, em checo), um prédio de escritórios concebido por Vlado Milunič e Frank Gehry, o arquiteto canadiano/americano prémio Pritzker 1989, com o Walt Disney Concert Hall. É uma casa muito engraçada (com uma mosca gigante no teto).

É tarde e temos planos para a noite. Antes de passar pelo hostel, compro uma t-shirt da cidade com o Franz Kafka e um pacote de noodles picantes (tão típico!) para recuperar forças. O plano secreto é este: ir jogar bowling. Tenho tentado convencer Amelia a fazê-lo desde que começámos o Interrail e esta manhã, nem de propósito, encontrámos o salão perfeito a caminho do brunch.

A última partida é o nosso melhor jogo. Ambos conseguimos fazer strike

Uma pequena pausa e cá vamos. Afinal, o "Bowbar" não é nada de especial, com apenas quatro pistas de bowling e muito old-school. Mais uma vez, donos educados, mas afáveis nem tanto. Começamos mal, mas à medida que jogamos vamos lançando a bola com mais jeito. A última partida é o nosso melhor jogo. Ambos conseguimos fazer strike (deitar todos os pinos abaixo com uma única bola) pelo menos uma vez. E é com uma jogada assim que termino - peço a Amelia para filmar um dos lançamentos e tenho sorte, vou fazer de conta que foi assim a noite toda. Pagamos 9€ por três jogos de dez rondas cada, mais barato do que em Maastricht, a cidade onde vivo (38€ entrada). Aqui o salão é um tanto rudimentar, mas a diversão é garantida. Conclusão: converti Amelia. 

Regressamos a casa. Praga, estamos apaixonados pela cidade. Mas já é tempo de seguir viagem, o tempo passa a voar. Segue-se Berlim e a coisa promete. Amanhã será um dia lentinho, mas isso também faz parte.