As galinhas foram domesticadas há cerca de 6.000 anos a partir da galinha selvagem asiática e desde então adquiriram várias características importantes para o ser humano, incluindo as que se referem à aparência, agressividade reduzida e rapidez a por ovos, mas não se sabia quando e porquê esses traços evoluíram.
Agora, uma equipa internacional de cientistas combinou modelos estatísticos com dados de ADN de ossos de frango encontrados em jazidas arquelógicas e identificou quando é que esses traços começaram a aumentar na Europa.
“O ADN antigo permite-nos observar como os genes mudaram no passado, mas o problema foi sempre conseguir uma precisão temporal na ligação da evolução genética a potenciais causas. Mas com dados suficientes e um novo trabalho estatístico chegámos agora a cronogramas suficientemente precisos para os relacionar com mudanças ecológicas e culturais”, disse Liisa Loog, a primeira autora do trabalho, publicado na revista Molecular Biology and Evolution.
Os cientistas concluíram que essa evolução aconteceu na Idade Média por volta do ano 1000 e que as fortes pressões seletivas coincidiram com a crescente urbanização e regras cristãs que impunham o jejum e exclusão de carne de animais com quatro patas. As regras religiosas medievais poderão ter aumentado a procura de aves e levado à evolução do frango doméstico.
“Através do nosso novo método verificámos que o tempo da seleção coincide com o aumento de ossos de frango nos registos arqueológicos no norte da Europa. Curiosamente, também coincide com várias mudanças socioculturais, incluindo um aumento geral da popularidade das crenças cristãs, novas regras na dieta religiosa e aumento do urbanismo”, disse Anders Eriksson, um dos autores do estudo, acrescentando que a combinação de todos os fatores originou uma pressão sobre as galinhas que levou à sua evolução.
Os cientistas têm tentado ligar traços que distinguem animais domesticados dos seus parentes selvagens. Recentemente identificaram variantes genéticas nas galinhas domésticas em dois genes, ambos evidenciando fortes sinais de seleção.
Em 2014, um grupo liderado por Greger Larson examinou os dois genes numa centena de amostras arqueológicas da Europa abrangendo os últimos 2.200 anos mas não chegou a resultados. Agora, a equipa liderada por Liisa Loog analisou o ADN do frango antigo e moderno e descobriu que a seleção começou por volta do ano 920.
"O significativo aumento de galinhas e ovos tem sido associado às práticas de jejum cristãs, com origem na ordem dos monges Beneditinos, que desautorizou o consumo de carne de animais de quatro patas durante o jejum. As regras foram adotadas em toda a Europa e aplicadas em todos os segmentos da sociedade por volta do ano 1000”, disse Anders Eriksson.
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