Em comunicado, o Teatro Nacional S. João (TNSJ), no Porto, refere que Nuno Cardoso irá assumir a direção artística em 01 de janeiro de 2019, por um período de três anos, renováveis, substituindo no cargo Nuno Carinhas, cujo mandato termina no final deste ano.
Segundo o TNSJ, a liderança de Nuno Carinhas distinguiu-se pela divulgação de grandes repertórios dramáticos, entre os quais William Shakespeare, Samuel Beckett, Gil Vicente, Maria Velho da Costa e Jacinto Lucas Pires.
Como programador o S. João, Nuno Carinhas acompanhou e apoiou, através de coproduções, o trabalho desenvolvido por dezenas de estruturas e companhias da cidade e do país, tendo, igualmente, ampliado a atividade da instituição além do domínio do teatro, programando exposições, colóquios, filmes, oficinas e ações educativas.
O S. João realça ainda que o futuro diretor, de 47 anos, tem um “percurso consolidado” no panorama nacional, e uma “forte ligação” à casa, já que Nuno Cardoso coordenou a programação do Teatro Carlos Alberto, entre 2003 e 2007, quando Ricardo Pais dirigia o S. João.
Neste momento, o TNSJ tem em cena “Otelo ou o Mouro de Veneza”, uma encenação de Nuno Carinhas, que assim regressou a Shakespeare pela segunda vez na carreira, um ano depois de ter levado ao palco “Macbeth”.
Com tradução e versão cénica de Daniel Jonas, a peça teve estreia no passado dia 28 e abriu a nova temporada deste Teatro Nacional.
O encenador Nuno Cardoso foi hoje anunciado como novo diretor artístico do Teatro Nacional de S. João (TNSJ), sucendendo a Nuno Carinhas, a partir de 01 de janeiro de 2019.
Encenador e ator, Nuno Cardoso nasceu em Canas de Senhorim, em 1970, iniciou o seu percurso teatral no começo da década de 1990, no Círculo de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra (CITAC).
Fez parte do elenco de peças encenadas por Paulo Lisboa, Paulo Castro, João Paulo Seara Cardoso, Nuno M. Cardoso, João Garcia Miguel, Victor Hugo Pontes, entre outros, interpretando textos de autores como Eurípides, William Shakespeare, J.W. Goethe, Anton Tchékhov, Frank Wedekind, Fiodor Dostoievski, Gregory Motton, Bernard-Marie Koltès e Peter Handke.
Do seu trabalho como ator destaca-se ainda a trilogia constituída pelos espetáculos “Subterrâneo”, encenado por Luís Araújo (2016), “Náufrago”, encenado por John Romão (2016), e “Apeadeiro” (2017).
Em 1994, Nuno Cardoso foi um dos fundadores do coletivo Visões Úteis, onde foi responsável por espetáculos como “Porto Monocromático” (1997).
É diretor artístico do Ao Cabo teatro onde tem trabalhado autores como Shakespeare e Tchékhov, e encenado dramaturgos como Ésquilo, Sófocles, Molière, Racine, Henrik Ibsen, Friedrich Dürrenmatt, Federico García Lorca, Eugene O’Neill, Tennessee Williams, Lars Norén, Sarah Kane e Marius von Mayenburg, entre outros.
Paralelamente, Nuno Cardoso tem desenvolvido projetos teatrais de cariz comunitário ou envolvendo não profissionais, como os que concretizou no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira, em 2001, a partir de “Ricardo II”, de Shakespeare, interpretado por jovens residentes no bairro da Cova da Moura (2207), ou “Porto S. Bento” (2012), com moradores do Centro Histórico do Porto.
“O despertar da primavera”, de Wedekind (2004), “Woyzeck”, de Büchner, no ano seguinte, e “Platónov”, de Tchékhov, em 2008, contam-se entre os trabalhos que encenou no Teatro Nacional S. João.
“Coriolano”, de Shakespeare (2004), e “Veraneantes”, de Gorky, em 2007, foram trabalhos da sua autoria em coprodução com este Teatro Nacional.
Com a encenação de “Demónios”, de Lars Norén, Nuno Cardoso recebeu o Prémio Autores 2016 da Sociedade Portuguesa de Autores (SPA), na categoria de melhor espetáculo.
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