"Uncharted", por favor sê bom
Há algo com que todos conseguimos concordar no que diz respeito a adaptações de videojogos ao grande ecrã: não têm corrido muito bem. Seja pela excessiva expectativa, seja pela incapacidade dos estúdios replicarem em "live-action" a imersão e a intensidade passada pelos jogos, a verdade é que na maior parte dos casos saímos das salas de cinema um pouco desiludidos.
Recentemente, tivemos um exemplo de uma boa adaptação com "Arcane" na Netflix, inspirado no mundo de League of Legends, mas tirando isto e um ou outro filme de "Resident Evil", tem sido difícil encontrar casos onde a transição correu bem. (Se me estiver a esquecer de algum, respondam-me a este artigo indignados).
Sempre fui um gamer muito básico e, na minha consola, passam essencialmente os "FIFA", os "Assassin’s Creed", os "Star Wars", um ou outro jogo de carros e… os "Uncharted". Os quatro jogos que compõem o franchise são provavelmente aqueles com que já passei mais horas consecutivas diante da televisão e aos quais já regressei diversas vezes, até porque o último jogo foi lançado em 2017. Por isso, quando foi anunciado que a saga ia ser adaptada à sétima arte, dois sentimentos passaram pela minha cabeça: 1) isto tem imenso potencial e pode até fazer com apareçam mais jogos, 2) tendo em conta o historial de que já vos falei, tenho de me preparar para o pior.
"Uncharted" é a história de um jovem caçador de tesouros chamado Nathan Drake, cuja adolescência problemática passada num orfanato o colocou em contacto com o mundo que havia por descobrir, através de um mapa desenhado por Fernão de Magalhães. De peripécia em peripécia, ainda em idade adolescente foi recrutado por outro caçador de tesouros chamado Sully, que passou a ser a figura mais paternal que tinha na entrada para a vida adulta.
Em cada videojogo, acompanhamos uma aventura diferente de Nathan Drake (já adulto) com Sully, na qual estes vão aos quatro cantos do mundo à procura de relíquias e acabam por encontrar más companhias que desejam fazer exatamente o mesmo do que eles. Por onde andam têm de passar por mosteiros, ruínas e cidades perdidas na procura de tesouros, como têm de andar armados para se poderem proteger em confrontos com vilões que querem "chegar lá primeiro" do que eles. Portanto, é um misto de aventura pela História com ação — que penso ser o que faz tantas pessoas, como eu, gostarem destes videojogos.
A adaptação ao grande ecrã vai tomar um caminho ligeiramente diferente e focar-se precisamente na história da origem de Nathan Drake, representado pelo Tom Holland, que, depois do sucesso de "Spider-Man: No Way Home", será motivo suficiente para levar algumas pessoas às salas de cinema. Tenho algum medo que seja difícil descolar o ator da personagem de super-herói para uma espécie de Indiana Jones da geração Z, mas espero que a qualidade do universo onde esta história acontece seja suficiente para fazer de "Uncharted" um filme que valha a pena e não apenas uma panóplia de lugares comuns em narrativas sobre caças ao tesouro.
O elenco do filme conta com nomes como Mark Wahlberg na pele de Sully e Antonio Banderas no papel de vilão e vai chegar às salas de cinema portuguesas esta quinta-feira (dia 17 de fevereiro). No Reino Unido, o filme já estreou e as primeiras reviews a chegar não são animadoras, mas esta quarta-feira vou estar (com o Acho Que Vais Gostar Disto) presente na ante-estreia de espírito aberto e terei mais coisas a dizer no próximo episódio do nosso podcast.
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