O advogado Deveraux Cannick chamou as alegadas vítimas do artista — cujas acusações incluem violação e pornografia infantil, bem como abusos físico e emocional — de fanáticas com sede de dinheiro, e disse que o governo norte-americano está obstinado em criminalizar um comportamento que, segundo ele, é comum entre os grandes astros internacionais.
“A sua editora começou a vendê-lo como um sex symbol, como um playboy, motivo pelo qual ele começou a viver como um sex symbol, como um playboy”, explicou o advogado ao júri. “Onde está o crime nisso?”
O relato do advogado de defesa foi feito após seis horas de argumentos finais meticulosos dos procuradores, que retrataram o artista como um chefe criminoso que teria cometido abusos arrepiantes contra mulheres e adolescentes durante décadas, com o apoio dos seus funcionários e do seu séquito.
Cannick usou um tom irónico quando se referiu ao depoimento das alegadas vítimas (nove mulheres e dois homens que acusam Kelly de abuso sexual), criticou a sua credibilidade e reduziu-as a pessoas que estão apenas "a trabalhar para ter dias de pagamento".
Numa abertura peculiar, Cannick iniciou os seus comentários febris evocando Martin Luther King Jr., ao afirmar que Kelly estava apenas a tentar "protestar contra a injustiça", como havia feito o icónico líder dos direitos civis.
O advogado continuou os seus argumentos dizendo ao júri que "sexo pervertido não é crime", e que "algumas pessoas simplesmente gostam" de relações entre um homem mais velho e uma "mulher mais jovem". "Vocês ouviram sobre um homem que tratava essas mulheres como ouro. Comprava para elas malas mais caras do que carros", destacou.
O artista, nascido Robert Sylvester Kelly, enfrenta uma acusação de crime organizado e oito violações da Lei Mann, que proíbe o transporte de pessoas através dos limites estaduais para fazer sexo.
O cantor da famosa "I Believe I Can Fly" nega todas as acusações. A refutação das acusações continuará até amanhã, e o júri deve começar a deliberar em breve sobre o destino de Kelly.
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