“A questão é muito simples, têm de poder desembarcar em terra”, defendeu um porta-voz da agência da ONU, lembrando que seis países da União Europeia já se ofereceram para receber os cerca de 100 migrantes, assim que estes deixarem o navio.
Indiferente aos pedidos e críticas, o Governo italiano mantém a proibição de o “Open Arms” poder percorrer os 800 metros que o separam da ilha de Lampedusa, onde os responsáveis pelo navio pediram para deixar os passageiros descer do navio.
A Espanha ofereceu um de seus portos, mas a tripulação considerou que, depois de tantos dias, e com a enorme tensão que reina a bordo, não é possível fazer uma viagem que duraria dias.
As cenas de pânico entre os migrantes multiplicaram-se nos últimos dias, de acordo com o testemunho da tripulação, e, hoje, nove pessoas lançaram-se ao mar para tentar nadar até Lampedusa, mas foram recolhidos por barcos salva-vidas.
O porta-voz da Agência de Refugiados da ONU, Andrej Mahecic, descreveu a situação atual como “lamentável”, afirmando que as coisas “nunca deveriam ter chegado a este ponto”.
O que está a acontecer, acrescentou, é mais uma demonstração de que é necessário um sistema preestabelecido, claro e previsível para que os migrantes resgatados no Mediterrâneo possam desembarcar em locais seguros, onde sejam registados e onde tenham acesso ao processo de pedido de asilo.
A ONU e outras organizações humanitárias que trabalham no resgate de migrantes em situação de naufrágio no Mediterrâneo têm reclamado um sistema desse tipo desde 2015, quando a crise de refugiados atingiu um pico histórico.
Andrej Mahecic pediu também que se tenha em conta que os migrantes que estão no “Open Arms” sofreram “durante meses os mais terríveis abusos na Líbia”, de onde fugiram com esperança de chegar à Europa.
A crise do “Open Arms” tem agudizado a tensão entre os governos de Espanha e Itália, e destes com a própria Organização Não Governamental.
No domingo, o capitão do navio humanitário rejeitou as “inviáveis” ofertas do Governo espanhol para navegar até ao porto de Algeciras, primeiro, e depois para as Baleares, devido à situação “desesperada” que se vive a bordo.
A tripulação alegou a impossibilidade de assumir mais alguns dias de travessia com 100 pessoas em condições extremas, amontoadas no convés, com ataques de ansiedade, lutas e lançamentos ao mar.
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