É a primeira vez que a Coreia do Norte revela detalhes sobre as instalações de enriquecimento de urânio desde que o país realizou o primeiro teste nuclear em 2006.

Estas usinas produzem o urânio enriquecido necessário para armamento nuclear e fazem o elemento químico girar em alta velocidade em centrifugadoras.

O líder comunista visitou o Instituto de Armas Nucleares e a "base de produção de materiais nucleares para armamento", segundo a agência de notícias estatal KCNA, que não revelou detalhes sobre o local exato ou a data do evento.

Durante a inspeção, Kim "familiarizou-se com a produção de ogivas e materiais nucleares", relatou a KCNA, que publicou imagens do líder ao lado de centrífugas de urânio.

De acordo com a KCNA, a fábrica "produz de forma dinâmica materiais nucleares através de estudo, desenvolvimento e introdução de todos os elementos do sistema".

Kim incentivou os diretores da instalação a "avançarem na introdução de um novo tipo de centrifugadora (...) para reforçar as bases de produção de materiais nucleares para armas".

Realçou também  "a necessidade de estabelecer um objetivo mais elevado a longo prazo na produção de materiais nucleares".

O programa nuclear da Coreia do Norte, prioridade para a dinastia Kim, que domina o país há décadas, está proibido pelas sanções das Nações Unidas.

Pyongyang, no entanto, consegue contornar as restrições, em parte graças ao apoio de aliados como Rússia e China. O país já executou seis testes nucleares.

Alguns especialistas apontam que a publicação repentina dessas imagens pode estar relacionada com as eleições presidenciais dos Estados Unidos em novembro.

A Coreia do Sul criticou o pedido de Kim para aumentar a produção de urânio enriquecido e alertou que "é uma clara violação de várias resoluções do Conselho de Segurança da ONU".

Mensagem para os Estados Unidos?

Alguns especialistas apontam que a publicação repentina das imagens pode estar relacionada com as eleições presidenciais dos Estados Unidos.

"É uma mensagem para a próxima administração de que é impossível desnuclearizar a Coreia do Norte", considerou Hong Min, analista do Instituto para a Unificação Nacional da Coreia.

No entanto, é pouco provável que essas revelações sejam acompanhadas por um novo teste nuclear em breve.

A agência de inteligência de Seul acredita que a Coreia do Norte tem várias instalações de enriquecimento de urânio, uma delas na central nuclear de Yongbyon.

Esta central foi supostamente desmantelada após uma reaproximação diplomática entre as duas Coreias, mas foi reativada em 2021, quando as relações voltaram a enfrentar graves problemas.

Analistas especializados no regime comunista afirmam que esta central ficou em péssimo estado após as inundações de julho, provocadas por chuvas recordes no país.

"A usina está em péssimas condições. Todas as rodovias e linhas de comboio foram perdidos devido aos danos provocados pelas chuvas e o solo está muito debilitado", disse Hong Min.

As relações entre as duas Coreias passam por um dos piores momentos dos últimos anos. Recentemente, o Norte anunciou a instalação de 250 mísseis na fronteira.

Além disso, o regime de Pyongyang envia, há meses, balões com lixo em direção ao Sul, em resposta aos balões de propaganda enviados por ativistas sul-coreanos para o seu território.

A Coreia do Sul intensificou os exercícios militares conjuntos com os Estados Unidos na área, observados pelo vizinho do Norte como ensaios para uma eventual invasão.