Segundo comunicado oficial da tutela, a Portugal Defence e o Consórcio de Escolas de Engenharia assinaram hoje um “memorando de entendimento” que pretende promover “uma maior ligação entre universidades, centros de investigação e empresas da economia da Defesa”.
“O primeiro projeto resultante deste memorando é a Academia do Arsenal, que contará ainda com o envolvimento da Arsenal do Alfeite e da Associação das Indústrias Navais, através de um protocolo firmado também esta segunda-feira” numa cerimónia onde estiveram presentes os ministros da Defesa, João Gomes Cravinho, e do Mar, Ricardo Serrão Santos, lê-se na nota.
Esta instituição “tem raízes na escola de formação que funcionou durante décadas no Alfeite” - extinta na sequência da passagem dos estaleiros para sociedade anónima, em 2009 - e vai agora servir “todo o ‘cluster’ naval com o desenvolvimento de programas de formação e ensino na área da engenharia, tendo em vista o reforço de conhecimentos e competências técnico-científicas”, adiantam.
Os programas desenvolvidos na academia terão como objetivo “qualificar os profissionais da indústria naval”, “atrair e reter quadros superiores, designadamente ao nível da licenciatura e mestrado” e “promover a inovação no ‘cluster’ naval a partir do reforço da ligação entre a indústria e a academia”.
Os primeiros cursos vão ser lançados no quarto trimestre de 2021, “juntamente com as obras de adaptação necessárias”.
“A Academia do Arsenal é uma iniciativa que contribuirá para o cumprimento do objetivo da Componente do Mar do Plano de Recuperação e Resiliência, nomeadamente através da criação de emprego associado à formação e aquisição de competências, atração de novas empresas e criação de novos polos de desenvolvimento tecnológico”, sustenta o comunicado.
Além da Academia do Arsenal, o memorando de entendimento assinado prevê “para breve” a criação de uma academia aeronáutica e acrescenta que em 2023 deverá estar a funcionar também “o Centro de Inovação e Experimentação” que terá como objetivos a capacitação de recursos humanos e a promoção da inovação, criando “condições para atrair formandos e recursos de outros países”.
A 16 de março deste ano, o recém-eleito presidente do conselho de administração da Arsenal do Alfeite, S.A. apontou a formação profissional como uma das soluções para os problemas estruturais do estaleiro, tendo, na altura, antecipado a criação desta academia.
José Luís Serra Rodrigues, ouvido no parlamento pela comissão de Defesa Nacional, sublinhou ao longo da sua audição a importância da formação e retenção de mão-de-obra qualificada para a sustentabilidade da empresa.
Há vários anos que o Arsenal do Alfeite tem passado por dificuldades financeiras graves, que já se traduziram em atrasos de salários e até do subsídio de Natal em 2020 aos mais de 400 trabalhadores que constituem esta empresa, responsável pela reparação e manutenção dos navios da Marinha portuguesa.
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