José Fragata, vice-reitor da NOVA Universidade Lisboa e diretor do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, participava na conferência online “O impacto da Covid-19 nas Doenças Respiratórias Crónicas nos países da CPLP”, organizada pelo Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT).
O cirurgião alertou para as consequências da covid-19 que só se conhecerão “no dia seguinte” da pandemia e que passarão por todos os que ficaram por tratar e os que ganharam sequelas respiratórias, articulares e outras, ainda não conhecidas.
“Esta é a verdadeira ponta do iceberg da pandemia que ainda não conhecemos”, afirmou.
De acordo com o especialista, “as sequelas pulmonares da covid-19 são pouco conhecidas, mas vão aparecendo”. E contou que ainda recentemente um homem com 60 anos, saudável até ficar doente com a covid-19, que esteve vários meses ventilado, teve de se submeter a um transplante dos dois pulmões, que ficaram “indistinguíveis da fibrose pulmonar”, apesar de serem saudáveis até à pandemia.
José Fragata referiu que outros dois doentes estão em lista de espera para o transplante pulmonar, pelos mesmos motivos.
A conferência sobre “O impacto da Covid-19 nas Doenças Respiratórias Crónicas nos países da CPLP” é organizada pelo IHMT em colaboração com a Global Alliance against Chronic Respiratory Diseases (GARD), a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e a GARD-Portugal, com o apoio da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH).
Na sessão de abertura, o secretário-executivo da CPLP, Francisco Ribeiro Teles, referiu que “a pandemia parece ainda longe de estar debelada e deixará feridas mais profundas nas geografias com maior vulnerabilidade social e económica”.
“O acesso à vacina continuará a condicionar as nossas expetativas em relação à covid-19”, disse, reiterando que a CPLP defende que as vacinas devem ser consideradas um bem público global” e que “o processo de vacinação deve ser global, não deixando ninguém para trás”.
Franco Mufinda, secretário de Estado da Saúde de Angola, também participou no evento online, recordando que a vacinação nesse país africano arrancou em 02 de março e que, desde então, foram vacinadas com uma dose 1.432.690 pessoas e 523.000 com duas doses.
Em Angola, a covid-19 tem uma letalidade de 2,4% e uma recuperação de 84%.
Com o epicentro da pandemia em Luanda, a covid-19 registou a primeira vaga em outubro de 2020 e a segunda em março deste ano, estando agora “a declinar”, segundo Franco Mufinda.
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