A procura e as vendas nesta época de Páscoa estão a ser "semelhantes" às da anterior e o preço por quilo de borrego vivo "subiu um pouco", de 2,60 euros em 2017 para 2,80 euros este ano, disse hoje à agência Lusa João Pedro, técnico do Agrupamento de Produtores Pecuários - Carnes do Campo Branco, no distrito de Beja.
A Páscoa "é sempre uma época de maior movimento no comércio de borrego, porque, por tradição, há mais consumo da carne" e, por isso, "o preço costuma subir", explicou, referindo que o agrupamento já vendeu cerca de 3.000 borregos este mês.
O preço "felizmente subiu", mas "os produtores não vão ter as margens de lucro esperadas nesta altura, porque os custos de produção dos animais aumentaram devido à seca", frisou.
Na zona do Campo Branco, que abrange os concelhos de Aljustrel, Almodôvar, Castro Verde, Mértola e Ourique e concentra a maioria dos criadores de ovinos do Baixo Alentejo, "as pastagens demoraram a crescer devido à seca e os produtores tiveram de alimentar os animais com rações, o que fez aumentar muito os custos de produção".
Atualmente, devido às chuvas das últimas semanas, já há pastagens, mas durante o período de crescimento e engorda dos borregos, que são vendidos com três a três meses e meio de vida, não houve e os animais foram alimentados com rações, explicou.
Na época de Páscoa, as vendas de borrego produzido no Campo Branco para consumo em Portugal "aumentam", mas "a grande fatia continua a ser exportada, principalmente para Israel", indicou João Pedro.
No distrito de Évora, as vendas de borregos também "estão a andar bem, mesmo em questão de preço", disse à Lusa o presidente da Associação dos Jovens Agricultores do Sul, Diogo Pestana Vasconcelos.
"A Páscoa e o Natal são sempre as melhores alturas do ano para os criadores, porque é quando os animais valem mais qualquer coisa. Eu vendi borregos na terça-feira e, dos criadores com quem tenho falado, a noção que tenho é a de que as vendas estão a andar bem e que o preço não está pior", relatou o presidente da associação.
O problema, segundo Diogo Pestana Vasconcelos, é que, devido à seca, "as margens de lucro desapareceram todas", o que acontece "não só com os ovinos, mas com todo o gado".
"Este ano não há margens de lucro. Tivemos os animais a comer à mão durante muito tempo, por causa da seca e da falta de pastagens, e gastou-se muito mais do que era suposto. Em média, os animais costumam comer à mão três a quatro meses e, este ano, foram oito ou 10", frisou.
No distrito de Portalegre, a seca também provocou atraso no desenvolvimento dos borregos, mas "não travou" o volume de vendas, disse à Lusa José Serralheiro, administrador da empresa Pasto Alentejano, um dos principais fornecedores de carne de borrego em Portugal.
"As vendas estão a correr muito bem, igual ao ano passado, mas com uma agravante: a seca originou que os borregos tivessem menos peso, não estão tão acabados como no ano anterior e ainda com a agravante de a Páscoa, este ano, ser mais cedo", explicou José Serralheiro.
Já o preço do borrego está "mais alto" este ano, na ordem dos "seis euros o quilo" de carcaça, disse o administrador da Pasto Alentejano, situada em Sousel e que vende mais de 150 mil animais por ano, 30 mil dos quais nas três semanas antes da Páscoa, e está a "crescer" no mercado internacional, nomeadamente em Israel.
"Há um aumento de 20 cêntimos em relação a 2017. A questão da exportação tem sido muito importante para os ovinos e bovinos, porque há mais procura, o que tem feito subir de forma sustentada o preço dos borregos, levando, também, à fixação de pessoas no mundo rural e ao aumento dos efetivos", acrescentou José Serralheiro.
O Agrupamento de Produtores Pecuários do Norte Alentejano - Natur-al-Carnes, que tem cerca de 100 produtores e vende uma média de 1.600 borregos na Páscoa, principalmente para a indústria de distribuição nacional, refere que o preço este ano também está "mais elevado".
"O preço está mais elevado por várias razões. Os borregos estão mais atrasados porque o tempo não ajudou, a erva não cresceu ainda e a Páscoa deveria ser dentro de 15 dias, pois assim já se notavam diferenças nos animais", disse à Lusa um dos responsáveis da Natur-al-Carnes António Esteves.
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