Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, condenou “nos mais firmes termos a tentativa de golpe de Estado em curso na Bolívia, que envolve mobilização irregular de tropas do Exército, em clara ameaça ao Estado democrático de Direito no país”.
As autoridades brasileiras manifestaram ainda apoio e solidariedade ao povo e Presidente boliviano, Luis Arce, frisando que a diplomacia brasileira estará “em interlocução permanente com as autoridades legítimas bolivianas e com os Governos dos demais países da América do Sul” com o objetivo de repelir “essa grave violação da ordem constitucional na Bolívia e reafirmar o seu compromisso com a plena vigência da democracia na região”.
Para o Governo do Brasil, esta tentativa de golpe de Estado é incompatível “com os compromissos da Bolívia perante o MERCOSUL, sob a égide do Protocolo de Ushuaia”, que compromete os países da região com os valores democráticos.
O vice-presidente da Bolívia alertou hoje que está a ocorrer um “golpe de Estado” contra o Governo de Luis Arce, enquanto a ministra dos Negócios Estrangeiros denunciou à comunidade internacional mobilizações irregulares por unidades do Exército.
Um vídeo divulgado na televisão boliviana mostrou Arce a confrontar o comandante-geral do Exército, Juan José Zúñiga, no corredor do palácio, noticiou a agência Associated Press (AP).
“Eu sou o seu capitão e ordeno que retire os seus soldados e não permitirei essa insubordinação”, sublinhou Arce.
Antes de entrar no edifício do governo, Zúñiga disse aos jornalistas na praça: “Certamente em breve haverá um novo Gabinete de Ministros. O nosso país, o nosso estado não pode continuar assim”.
Zúñiga acrescentou que “por enquanto” reconhecia o Presidente Arce como comandante supremo.
Numa mensagem no X, Arce pediu que “a democracia seja respeitada”.
A notícia ocorreu no momento em que a televisão boliviana mostrava dois tanques e vários homens em uniforme militar em frente ao palácio do governo.
María Nela Prada, ministra da Presidência e alta autoridade boliviana, disse que militares e tanques estavam a tomar conta da praça, chamando a situação de “tentativa de golpe de Estado”.
O incidente foi recebido com uma onda de indignação por outros líderes regionais, incluindo a Organização dos Estados Americanos, por Gabriel Boric, Presidente do vizinho Chile, o líder das Honduras e ex-líderes bolivianos.
Também a União Europeia condenou “qualquer tentativa” de golpe de Estado na Bolívia e manifestou a sua solidariedade ao Governo democraticamente eleito e ao povo do país sul-americano, de acordo com uma nota no X do chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell.
A Bolívia, um país de 12 milhões de habitantes, tem assistido a protestos cada vez mais intensos nos últimos meses devido ao declínio vertiginoso da economia, de um dos continentes com crescimento mais rápido há duas décadas para um dos mais atingidos pela crise.
O país também tem assistido a uma rutura de grande visibilidade nos mais altos níveis do partido do governo.
Arce e o seu antigo aliado, ícone esquerdista e ex-presidente Morales, têm lutado pelo futuro do fragmentado Movimento pelo Socialismo da Bolívia, conhecido pela sigla MAS, antes das eleições de 2025.
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