“Trata-se de uma iniciativa com caráter simbólico, que visa alertar, sensibilizar, para a importância da Embaixada da Beira Interior a Lisboa que vamos realizar dia 20 de maio”, disse hoje o porta-voz da estrutura que agrega várias entidades de luta contra as portagens na antigas Scuts [vias sem custo para o utilizador], Luís Garra, no protesto que contou com algumas dezenas de viaturas a percorreram as principais ruas daquela cidade, no distrito de Castelo Branco.

Luís Garra informou que a Plataforma esteve reunida na terça-feira com o ministro da Economia, António Costa Silva, que se “comprometeu a falar com o senhor ministro das Infraestruturas”.

O representante do grupo lamentou não ter existido resposta aos pedidos de informação ao ministro das Infraestruturas ou à ministra da Coesão sobre “o andamento dos trabalhos da comissão interministerial”, responsável por propor ao Governo uma solução para a questão das portagens e da mobilidade no interior, silêncio que “reforça a necessidade de ir dia 20 a Lisboa”.

O Governo apontou o final do primeiro semestre do ano como o prazo para apresentar a sua proposta à reivindicação da Plataforma, mas Luís Garra salientou fazer sentido a Embaixada realizar-se em maio aquela deslocação a Lisboa para fazer pressão.

“Nós temos de agir, não de reagir. Ao fazermos no final de junho, iremos reagir à medida que o Governo anunciar. Fazendo em 20 de maio, ainda estamos em condições de influenciar a própria proposta”, realçou o porta-voz do movimento.

Da manifestação em Lisboa, onde conta estarem presentes 200 a 250 pessoas, a Plataforma espera conseguir a eliminação das portagens naquelas vias, mas, se apenas for conseguida uma redução, os representantes prometem “continuar a lutar”.

“Se o Governo não for para a eliminação completa das portagens de imediato, venha essa redução, que nós vamos continuar a lutar pelo resto”, frisou Luís Garra, que afirmou serem “corredores de fundo” e, com ações como o buzinão de hoje, estarem “a semear”, na expectativa de, em Lisboa, já colherem “alguma coisa”.

Em fevereiro, o ministro das Infraestruturas, João Galamba, apresentou uma base de trabalho para uma redução do preço das portagens na ordem dos 20%, proposta que a Plataforma considerou insuficiente e que Luís Garra considerou ter sido uma “manobra de diversão, no sentido de desmobilizar a Embaixada, convocada para dia 25” de fevereiro, entretanto reagendada.

“O Governo fez uma redução que disse que era de 50% e apenas fez de 30%. Mesmo assim, porque foi obrigado pela Assembleia da República, que aprovou uma proposta, em sede de Orçamento, para essa mesma redução”, enfatizou o porta-voz.

Para Luís Garra, o pagamento de portagens na A23, A25 e A24 é sinal de insensibilidade “às necessidades de desenvolvimento económico e social do Interior” e ao combate ao despovoamento.

“Enquanto o problema persistir, nós não vamos desistir”, assegurou Luís Garra.

O empresário do setor hoteleiro e têxtil Luís Veiga vincou “a penalização” a que as empresas destes territórios estão sujeitas e reforçou a necessidade de as autoestradas do interior funcionarem sem portagens, para “tornar mais fluido o trânsito de turistas, de pessoas”.

“Os portugueses têm de perceber a penalização a que os residentes nesta zona são votados todos os dias para viajarem, para se movimentarem”, enfatizou Luís Veiga, durante o buzinão, hoje, dando o exemplo de um município onde não há transportes públicos e de um passe dentro do concelho da Covilhã que custa cem euros, um valor “incomportável”, comparando com os cerca de 40 euros do custo do passe na zona metropolitana de Lisboa.

O empresário sustentou ser uma medida estrutural e é da opinião que medidas como as anunciadas pelo Governo, no âmbito da Agenda para o Turismo no Interior, não levam “a lado nenhum” por si só.

A Plataforma P'la Reposição das Scut nas autoestradas A23 e A25 integra sete entidades dos distritos de Castelo Branco e da Guarda – a Associação Empresarial da Beira Baixa, a União de Sindicatos de Castelo Branco, a Comissão de Utentes Contra as Portagens na A23, o Movimento de Empresários pela Subsistência pelo Interior, a Associação Empresarial da Região da Guarda, a Comissão de Utentes da A25 e a União de Sindicatos da Guarda.

A A23 (Autoestrada da Beira Interior) liga Guarda a Torres Novas (A1), enquanto a A25 (Autoestrada Beiras Litoral e Alta) assegura a ligação entre Aveiro e a fronteira de Vilar Formoso.