A ação de limpeza subaquática organizada pela associação Oceanum Liberandum, uma Organização Não Governamental (ONG) de proteção da vida marinha e dos oceanos, contou com a presença de centenas de mergulhadores, mas só ao final do dia se vai saber se conseguiu juntar os 590 mergulhadores necessários para estabelecer o novo recorde mundial.
“Nós percebemos que está a haver um declínio acentuado da vida marinha e queremos travar isto. Porque o que o futuro nos reserva é mergulhos com mais plástico do que peixe, tartarugas e tudo o mais. Esta iniciativa surgiu com o objetivo de concentrar o máximo de mergulhadores possível e limpar o mar aqui em Sesimbra, porque temos de começar em algum lado”, disse à agência Lusa Débora Laborde, cofundadora e presidente da associação Oceanum Liberandum.
“Cerca das 11:00 deste sábado já tínhamos mais de 200 mergulhadores na água e havia mais de 500 inscritos. Vai ser até ao último minuto para ver se conseguimos bater o recorde do Guinness”, acrescentou Débora Laborde, assegurando que, independentemente da entrada ou não para o Guinness World Records 2022, a ação de limpeza subaquática em Sesimbra “já é um grande evento”.
Para o administrador e responsável científico da Fundação Oceano Azul, Emanuel Gonçalves, que lançou o repto para as cerca de 150 ações de limpeza, que começaram no Dia Internacional de Limpeza Costeira e terminam domingo, a iniciativa que decorre este sábado em Sesimbra é importante para dar visibilidade ao problema da poluição dos oceanos.
“É uma iniciativa muito importante, em que a Fundação Oceano Azul acredita muito, porque mobiliza a sociedade para tornar visível aquilo que muitas vezes é invisível, que é não nos apercebermos das riquezas que temos no mar, dos resultados da nossa incúria, do nosso comportamento e dos materiais que utilizamos na nossa sociedade e que acabam todos como lixo no mar”, disse Emanuel Gonçalves, que também vestiu o fato de mergulho para ajudar na recolha de lixo em Sesimbra.
“Nós vimos muitos plásticos, muitas garrafas, muitos covos, muitas linhas de pesca, apanhámos um pedaço de um aspirador, um pneu e uma boia. Todos os materiais da nossa civilização, em vez de os reciclarmos, acabamos por os largar na rua ou em casa. E, com os maus comportamentos, isso vai tudo parar ao mar”, frisou o responsável da fundação que pretende sensibilizar os portugueses para o desafio da sustentabilidade dos oceanos.
A ação de limpeza subaquática em Sesimbra, que teve o apoio logístico da Docapesca, contou também com a presença da secretária de Estado das Pescas, Teresa Coelho, que sublinhou a importância da sustentabilidade dos oceanos e o envolvimento da Docapesca em diversas ações de limpeza da zona costeira.
“A Docapesca, durante este ano, já realizou oito ações de limpeza costeira, com mais de 200 participantes, em que já foram recolhidas mais de nove toneladas de resíduos. E eu gostava de sublinhar que os pescadores são os principais interessados na limpeza e na sustentabilidade dos oceanos, porque da limpeza e da sustentabilidade dos oceanos depende a continuidade da atividade”, disse Teresa Coelho.
“No recente relatório da Comissão Europeia de junho de 2022, as águas do Atlântico Nordeste - onde estão todas as águas portuguesas — foi sublinhado que as águas portuguesas estão ao nível do rendimento máximo sustentável, o que é uma boa notícia para os pescadores portugueses, porque significa que têm feito um esforço muito grande para os nossos `stocks´ estarem sustentáveis.
E isso significa que, de facto, a pesca é um sector com futuro”, acrescentou a secretária de estado das Pescas.
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