A Ordem dos Engenheiros (OE) de Portugal tinha previsto para hoje uma visita a Almaraz para se “inteirar dos desenvolvimentos da anunciada intenção de construção de um depósito de resíduos nucleares junto desta central, bem como das perspetivas de prolongamento do seu ciclo de produção”.
Hoje, em comunicado, a Ordem diz ter sido avisada na segunda-feira, já durante a viagem para Espanha, do cancelamento da visita, “sem que tenham sido apresentadas as razões subjacentes a tal decisão”.
“A notícia foi recebida com total surpresa por parte da Ordem dos Engenheiros, cuja delegação integra altos dirigentes, membros eleitos e engenheiros eméritos, nomeadamente o Bastonário Carlos Mineiro Aires, os dois Vice-presidentes Nacionais, membros do Conselho Diretivo Nacional, os Presidentes dos Colégios Nacionais de Engenharia Eletrotécnica e de Engenharia do Ambiente, o Coordenador da Especialização de Energia, um membro da Assembleia de Representantes e especialistas”, lê-se na nota de imprensa enviada à agência Lusa.
A Ordem diz ainda que, “neste quadro, manifesta a estranheza perante esta decisão, porquanto sempre ficou claro em todos os contactos que foram previamente estabelecidos que se tratava de uma visita de natureza técnica, cujo propósito assentava na recolha de informações sobre a operação da Central, bem como das perspetivas de prolongamento do seu ciclo de vida e sobre a intenção de construção de um depósito de resíduos nucleares”.
“A Ordem dos Engenheiros de Portugal considera, assim, estar perante uma decisão inesperada, o que lamenta, cujas razões e motivações carecem certamente de uma justificação, pois a mesma contraria o são relacionamento e as normas de cooperação que devem pautar o relacionamento técnico entre entidades dos dois países, assim como a desejável transparência a nível da partilha de informação técnica, em nome da defesa do prestígio e da deontologia da engenharia ibérica”.
Os engenheiros portugueses também referem que, “dado o bom acolhimento do pedido que oportunamente formulou, nada faria perspetivar que a Ordem, “enquanto representante legal da capacidade técnica de um país e como Associação Profissional preocupada com a segurança dos portugueses e com os impactes transfronteiriços, pudesse ser confrontada com este desfecho imprevisível e, a partir de agora, questionável”.
“Estamos, assim, perante um mau exemplo do que deve ser o relacionamento, no campo técnico, entre dois países vizinhos e com preocupações que deveriam constituir o foco de um exemplo de relacionamento. Este inesperado ‘fechar de portas’ à Ordem dos Engenheiros de Portugal não deixará, pois, de ser encarado como uma afronta às mais elementares normas de relacionamento das comunidades técnicas e associativas de Espanha e Portugal e indutor dos mais livres juízos”.
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