“Esta medida pretende contribuir para o restabelecimento do bem-estar da população e dos profissionais, e impedir que as pessoas mais afetadas pelo isolamento social e pela incerteza da situação atual, que poderão evidenciar situações de ansiedade, insegurança, medo e desesperança, desenvolvam patologias mentais mais graves ou entrem em ‘burnout’ (stress profissional)”, refere uma nota de imprensa do CHL.
Segundo a nota, “o apoio emocional à população e aos colaboradores do CHL será prestado por uma equipa composta por profissionais da área da saúde mental, entre médicos psiquiatras, psicólogos e enfermeiros especialistas em enfermagem de saúde mental, coordenada pelo diretor do Serviço de Psiquiatria”.
À agência Lusa, o diretor do Serviço de Psiquiatria e Saúde Mental do CHL, que integra os hospitais de Leiria, Pombal e Alcobaça, afirmou que “é normal que se comece a sentir ao nível da saúde mental o impacto da pandemia, que será crescente nos próximos tempos”.
“Por um lado, o próprio medo de ser contagiado, de contagiar, sobretudo os familiares, quer sejam idosos, quer sejam pessoas de risco com outras patologias, e o medo de contrair uma forma grave da doença” também influenciam na saúde das pessoas, afirmou Cláudio Laureano.
Destacando que “isto é gerador de elevados níveis de ansiedade” e nem todos têm “as mesmas capacidades e estratégias e, no fundo, a mesma resiliência psicológica para conseguir gerir essas situações”, o médico apontou ainda o confinamento.
“Sabe-se, por experiência clínica de outras situações, que tem um impacto tremendo sobre a saúde mental das pessoas”, observou.
O diretor do serviço referiu, igualmente, “o isolamento de pessoas que já estavam muito vulneráveis”, além daquelas que “tinham outro suporte, como de centros de dia”, a perda de contactos familiares e sociais, e a crise económica, com a perda de rendimentos e o desemprego.
Alertando que neste âmbito o Serviço Nacional de Saúde continua a ter enormes lacunas, Cláudio Laureano exemplificou: “Temos dois psicólogos no Serviço de Psiquiatria e servimos 400 mil habitantes”.
O diretor expressou ainda preocupação com “os doentes com critérios de internamento psiquiátrico e que testem positivo ao novo coronavírus sem outra sintomatologia da covid-19”, perguntando “onde é que deverão ser internados”.
“Não podem ser internados numa enfermaria de psiquiatria, mas também não podem ser tratados numa enfermaria geral de doentes covid”, declarou, temendo que “comecem a surgir casos de doentes com atividades delirantes, alterações graves de comportamento e agitações psicomotoras graves que numa área covid médica não têm condições para serem tratados condignamente”.
O diretor adiantou que o apoio hoje anunciado “será prestado pela equipa do serviço, com uma primeira triagem feita por um enfermeiro de saúde mental e sempre que se justificar será agendada uma consulta, com psicólogo ou psiquiatra”.
“Fizemos este apoio no início da primeira vaga da pandemia e sentimos a necessidade de agora nesta fase reforçar esta disponibilidade”, acrescentou.
De acordo com a nota de imprensa, o apoio pode ser pedido por qualquer cidadão da área de abrangência do CHL, devendo o pedido ser efetuado via ‘e-mail’, para covid19.promoversaudemental@chleiria.min-saude.pt, ou pelo número de telefone 244817090, disponível das 09:00 às 13:00 e das 14:00 às 17:00, de segunda a sexta-feira.
Os profissionais do CHL podem também aceder a este apoio emocional, enviando o seu pedido via ‘e-mail’ para covid19.apoioemocional@chleiria.min-saude.pt, ou contactar a extensão telefónica no mesmo horário.
Segundo o seu ‘site’, o CHL tem como “área de influência a correspondente aos concelhos de Batalha, Leiria, Marinha Grande, Porto de Mós, Nazaré, Pombal, Pedrógão Grande, Figueiró dos Vinhos, Castanheira de Pera, Ansião, Alvaiázere, Ourém e parte dos concelhos de Alcobaça e Soure, servindo uma população de cerca de 400.000 habitantes”.
Comentários