“Este vai ser um espaço em que nós vamos unir forças porque estamos desgastados, estamos cansados e isto [o assassinato de Bruni Candé] surpreendeu todas as pessoas. Nós vamos tentar unir forças, partilhar aquilo que é a nossa história, as nossas vivências e o nosso ponto de vista relativamente a tudo isto. Vai ser um espaço de cura, porque é isso que nós precisamos”, declarou esta tarde à agência Lusa a organizadora da manifestação em homenagem a Bruno Candé e ativista Navvab Aly Danso, 23 anos, estudante de mestrado de Estudos Africanos na Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
Bruno Candé, de 39 anos, foi baleado no passado dia 25 de julho por outro homem, de 76 anos, em Moscavide, no concelho de Loures, distrito de Lisboa.
Perto das 16:00, iam-se perfilando na Avenida dos Aliados, perto da Câmara Municipal do Porto, várias pessoas, de vários géneros, de várias faixas etárias e de vários tons de pele, especialmente jovens, mas também famílias com os seus filhos ainda de colo ou com carrinhos de bebé.
Todos os manifestantes usavam máscaras e colocavam-se em circulo com os cuidados para efetivar o mínimo de distanciamento social recomendado pelas autoridades.
“Pelo fim da opressão sistémica”, “O racismo mata. Negar o racismo é racismo”, “Não é só nos EUA. Black lives mater”, “Eu não sou racista, mas…” ou “O Bruno Candé tem três filhos. Vamos construir um Portugal mais justo para eles” eram algumas das frases escritas nos cartazes que os manifestantes pacifistas traziam nas mãos para participar na ação de protesto.
A Maria Luís, 19 anos e futura estudante universitária que acabou de entrar Microbiologia na Universidade Católica, explicou à Lusa que decidiu participar nesta manifestação porque “é a coisa certa a fazer”.
“Nós temos todos uma parte a lutar pela justiça e eu quero fazer a minha parte e protestar é uma dessas coisas que eu posso fazer”, disse, considerando que em Portugal “há racismo sim senhora” e que “é uma realidade que as pessoas têm vindo a ignorar e cada vez mais está a ser exposta com a ajuda das redes sociais”.
Bruno Candé iniciou o seu percurso no grupo de teatro da Casa Pia, ainda na adolescência, tendo posteriormente frequentado o curso de formação teatral do Chapitô, onde chegou em 1995 e participou em vários espetáculos, dirigidos pelo encenador Bruno Schiappa.
O suspeito do homicídio vai aguardar julgamento em prisão preventiva.
Para o SOS Racismo, o caso da morte de Bruno Candé Marques, cidadão português negro, ter sido “assassinado com quatro tiros à queima roupa em Moscavide é “um crime com motivações de ódio racial”, refere um comunicado divulgado a 25 de julho.
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