"Enlouquecer com a saúde, enlouquecer com a comida e enlouquecer com os medicamentos", disse Donald Trump, no comício no Madison Square Garden, em Nova Iorque, acrescentando que Kennedy poderia ficar também responsável pela "saúde da mulher", o que revoltou ainda mais os democratas já indignados com a proibição do direito ao aborto promovida pelos republicanos, escreve a SBS News.
Robert Kennedy tem abordado o tema da liberdade médica e expressado algum ceticismo em relação às vacinas contra algumas doenças como, por exemplos, as vacinas contra a covid-19 ou outras enfermidades. Segundo a NBC News, Kennedy acredita que as vacinas estão ligadas ao autismo.
Na semana passada, presente num comício de Trump, o norte-americano afirmou que o republicano "não quer que eu tire as vacinas das pessoas". "Se quer tomar uma vacina, deve ser capaz de tomá-la. Acreditamos na liberdade de escolha neste país, mas deve saber o risco e os benefícios de tudo o que toma", acrescentou.
Nas suas declarações, Robert Kennedy referiu ainda que Trump lhe prometeu o controlo das agências de saúde pública como o Departamento de Saúde e Serviços Humanos, as suas subagências — o CDC (Centers for Disease Control and Prevention), a Food and Drug Administration e os National Institutes of Health - e ainda o Departamento de Agricultura.
Segundo o The Washington Post, mesmo sem saber o resultado das eleições, Kennedy encontrou-se com autoridades dos setores para elaborar uma agenda para uma nova administração. Já uma outra fonte confirmou à publicação que, juntamente com os seus assessores, o ex-candidato à Casa Branca e apoiante de Trump, elaboraram planos de 30, 60 e 90 dias para um segundo mandato do republicano.
Na sexta-feira passada, Kamala Harris reagiu à declaração de Donald Trump e criticou a sua intenção, dizendo que Kennedy é "a última pessoa na América que deveria definir a política de saúde para as famílias e crianças americanas", avança o The Guardian.
Ainda pelas palavras da democrata, Kennedy "é alguém que rotineiramente promove 'ciência lixo' e teorias da conspiração 'malucas'”.
Já o primo de Robert Kennedy, advogado da área de saúde, Ted Kennedy Jr., mostrou-se "profundamente preocupado" com a possibilidade avançada por Trump.
"Não podemos colocar alguém responsável pela assistência médica que não entende como médicos e cientistas desenvolvem as melhores práticas e nos mantêm seguros, e que não tenha formação médica nem conhecimento sobre como a assistência médica é organizada, prestada e paga”, disse em declarações à STAT News.
Apesar das críticas, na passada sexta-feira, o agora eleito presidente dos EUA afirmou à NBC News que tudo o que Kennedy quer fazer é "deixar as pessoas saudáveis", o que se enquadra no movimento que os dois lançaram "Make America Healthy Again".
Na reta final da campanha eleitoral, a porta-voz de Trump, Karoline Leavitt, afirmou que ainda não houve "nenhuma decisão formal" sobre potenciais nomeações para o Governo do republicano.
Contudo, Leavitt deixou explícito que, se vencesse - e venceu -, Trump iria "trabalhar ao lado de vozes apaixonadas como Robert Kennedy para tornar a América saudável novamente, fornecendo às famílias alimentos seguros e acabando com a epidemia de doenças crónicas que assola as nossas crianças”, referindo-se à diabetes tipo 2 e à obesidade.
"O presidente Trump também estabelecerá uma comissão presidencial especial de mentes independentes e irá responsabilizá-la de investigar o que está a causar o aumento de doenças crónicas ao longo de décadas”, acrescentou ainda a porta-voz, diz a NBC News.
Em declarações à publicação, Kennedy afirmou estar grato ao ex-presidente “pelo seu comprometimento em acabar com a epidemia de doenças crónicas que agora afeta 50% de nossas crianças”.
“Estou pronto para ajudá-lo a livrar as agências de saúde pública dos seus conflitos e corrupção generalizados e restaurar a sua tradição de ciência padrão-ouro baseada em evidências”, completou.
Afinal, quem é Robert F. Kennedy Jr.?
Robert F. Kennedy Jr. é filho do ex-senador americano Robert F. Kennedy, que foi assassinado em 1968, e sobrinho do ex-presidente dos Estados Unidos da América, John F. Kennedy, morto em 1963.
Em abril passado, Kennedy apresentou a sua candidatura independente à Casa Branca, mas em agosto desistiu da corrida presencial, declarando, publicamente, apoio a Donald Trump.
Segundo a SBS News, a decisão mereceu várias críticas, sobretudo por parte da sua família, mas, desde então, que o ex-candidato fez campanha pelo republicano na esperança de integrar o Governo e "tornar a América saudável novamente".
Ex-advogado ambiental, Kennedy é um dos maiores críticos de vacinas do país. Recentemente, criticou abertamente o processo de revisão de medicamentos da Food and Drug Administration dos EUA.
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